A inteligência é algo tão curioso para
o ser humano que as vezes se torna até engraçado como é vista, pensada e
pesquisada. Acreditem ou não, mas não existe uma definição única sobre
inteligência e a cada época surgem algumas definições sobre a ‘dita’. Houve
época que os inteligentes eram os que tinham o maior crânio (sim, os cientistas
mediam as cabeças!!!), houve época em que as profissões eram escolhidas por
testes e os resultados obedecidos, mesmo que a pessoa não tivesse a menor
habilidade ou vontade de exercer tal profissão, os testes ganhavam a guerra. E
mais recente em nosso mundo e ainda utilizado temos as testagens da psicologia,
onde o Q.I. é um dos mais conhecidos, havendo escalas e denominações diferentes
para idades e situações.
Confesso que tenho um tanto de
receio de testes padronizados, mas como esse não é o foco desse artigo, vamos
seguir em frente.
Vou especificar algumas definições
científicas acerca da inteligência, para que possam ver o quanto o assunto é
extenso.
·
Para o
Dicionário Aurélio:
1.
Faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção,
apreensão, intelecto, intelectualidade.
2.
Qualidade ou capacidade de compreender e adaptar-se facilmente;
capacidade, penetração, agudeza, perspicácia.
3.
Maneira de entender ou interpretar; interpretação.
4.
Acordo, harmonia, entendimento recíproco.
5.
Destreza mental; habilidade.
6.
Capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante
reestruturação dos dados perceptivos.
·
De acordo com
a Wikipédia é a capacidade mental de raciocinar, planejar,
resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e
aprender. Embora pessoas leigas geralmente percebam o conceito de inteligência
sob um âmbito maior, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende
que este conceito não compreende a criatividade, o caráter ou a sabedoria.
Conforme a definição que se tome, pode ser considerado um dos aspectos da
personalidade.
·
Já Alencar e Fleith (2001) citam definições dadas por
pesquisadores da área em um simpósio em 1921
como exemplo do pensamento da época, sendo eles:
1.
Colvin explica que é a habilidade de aprender a
ajustar-se ao meio ambiente.
2.
Haggerty é um dos grupos de processos mentais
complexos tradicionalmente definidos, como sensação, percepção, memória,
imaginação, discriminação, julgamento e raciocínio.
3.
E para Woodrow é uma capacidade adquirida.
·
Freeman e Guenther, neurocientistas (2000), esclarecem
que a proposta sobre inteligência mais aceita é a de que é uma maneira
individual de organizar e usar conhecimento, e que depende do ambiente físico e
social onde se vive.
·
Gardner (2001) definiu em 1983 a inteligência como a
habilidade para resolver problemas ou criar produtos valorizados em um ou mais
cenários culturais. Sendo que após quase duas décadas de pesquisa, em 2001,
define inteligência como um potencial biopsicológico para processar informações
que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar
produtos que sejam valorizados numa cultura.
·
Segunto Cury (2006) a inteligencia é um conjunto de
estruturas psicodinâmicas derivadas do amplo funcionamento da mente. É a
capacidade de pensar, se emocionar, ter consciência.
·
E por fim, meu conceito (2013), inteligência é uma
característica peculiar do pensamento crítico voltado para a criação do novo
indenpendente da necessidade; conceitualização daquilo que já existe, e a
solução de problemas desde os mais simples na vida diária como os que envolvem
a humanidade de forma geral. Tanto a criação, a conceitualização como a
resolução podem atuar nas mais diversas áreas como administração, finanças,
literatura, matemática, ciências, filosofia, artes, música, expressão corporal
e emocional, dentre todas as áreas de atuação do ser humano.
Pensando essas questões podemos
concluir que mesmo nesse momento histórico onde tanto sabemos, não conseguimos
compreender como um processo inerente a todos os seres humanos funciona
plenamente; o cérebro humano opera em seus detalhes e possui capacidades
desconhecidas a nós que fazemos uso diário dele, quão poderosa pode ser essa
ferramenta?
Acredito que haja infinidade de possibilidades
para o nosso cérebro, capaz de adaptações e evolução, e possivelmente expansão,
como saberemos? Só o tempo nos dirá, temos que continuar nossa linha histórica,
simples assim.
Em termos de senso comum também há
várias formas de se ver a inteligência e uma bem comum é separar a pessoa
inteligente do esperto, classificando a esperteza num nível diferente de
habilidade, a pessoa inteligente é aquela que vai bem na escola e tira notas A
ou 10 em tudo e o esperto é aquele que se vira bem quase sempre sem estudar e
que sempre dá um jeitinho para resolver situações no dia a dia.
Infelizmente esse senso comum
aliado a alguns conceitos científicos antiquados acabam por criar situações
desconfortáveis pra muita gente. Presenciei alguns episódios onde pais dividem
as qualificações dos filhos quanto a inteligência, denominando um de
inteligente e o outro de esperto.
Como crescem essas crianças, sendo
diariamente reforçadas por conceitos errôneos de capacidade intelectual?
Provavelmente uma crescerá com
excelente auto estima com relação a sua capacidade intelectual, cognitiva e
acadêmica, e a cada boa nota mais comprovação de todas as afirmações já feitas
nesse sentido.
A outra criança provavelmente
crescerá acreditando que é boa em se safar das situações, se perceberá com um
bom jogo de cintura na resolução de problemas e passará sempre raspando nas
médias escolares, e a cada 5,0 que tirar estará reforçando o que lhe é dito em
casa.
É preciso melhorar a percepção que
temos do outro e das capacidades desse outro, seja ele nossos filhos, vizinho,
amigo, aluno, dentre outras formas sociais de convivência, cada vez que criamos
esse tipo de conceituação sobre como o outro é e onde ele se encaixa estamos
rotulando uma pessoa e a convencendo que ela é dessa forma, fazendo-a viver
dentro dessa caixa por muito tempo de sua vida, como se essa pessoa fosse
desprovido de emoções e tudo aquilo que recebe do mundo fosse apenas uma base
de dados.
A inteligência humana é muito mais
do que tirar um 10 na escola, é muito mais do que acertar na profissão, de
ganhar dinheiro, a inteligência envolve inúmeras capacidades que vão desde
conseguir fazer o planejamento para o almoço até se manter vivo com todas as
situações que podem ocorrer em um dia comum de alguém, passando por inúmeras
variáveis e não deveria de forma alguma estar sob o julgo ou medição de ninguém,
pois tudo isso vai depender da construção de vida, das condições ambientais que
foram oferecidas a essa pessoa, o meio em que se cresce influencia muito, as
emoções que permeiam nosso ser caracterizam nossas expectativas e nossa visão
de mundo, logo nossa percepção é baseada em fatos que nos foram entregues,
ensinados e reforçados constantemente e aliados ao nosso sentir, basta uma
crença corruptiva para que nosso sistema entre em falência.
A ciência precisa separar e fragmentar
as situações para estudo e compreensão, e isso é sensacional, mas vejo que
antes de entregar o resultado é preciso reconstruir e fechar os conceitos de
forma a ver o todo e não somente uma parte.
Todos nós somos inteligentes com
suas próprias características, somos únicos e capazes de conquistas pessoais e
sociais, não podemos ser especialistas em tudo e por isso mesmo cada qual com o
seu espaço e diferença, o importante é saber que essas diferenças estão aí para
nos completar e não nos afastar, somos animais sociais e essa
complementariedade vem bem a calhar, não acham?
Quer me ouvir a esse respeito, acesse esse vídeo no YouTube
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