Ao
falar de aprendizagem na prática a primeira pessoa que me vem à cabeça quando
penso nisso é Emilia Ferreiro, psicolinguista argentina, atualmente com 79
anos, foi aluna de Jean Piaget em seu doutorado na universidade de Genebra,
onde aprendeu sobre sua teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento da
criança, a epistemologia genética, seguiu a linha de pensamento de Piaget,
apontando seus estudos para a área da língua escrita.
Com
certeza Ela foi a primeira pessoa que conseguiu desvendar a teoria da
aprendizagem de Piaget e compreender o seu uso na prática.
Juntamente
com a espanhola Ana Teberosky em 1979 publicou a Psicogênese da Língua Escrita,
conhecimento comprovado na prática desde 1974 na universidade de Buenos Aires.
Ferreiro
deixa claro que os profissionais da educação continuam à espera de um método de
ensino.
A
meu ver, esse assunto é um mito, sendo totalmente desnecessário se armar de
técnicas, pois a questão principal HOJE é traduzir essas teorias, ou seja,
compreender a fundo o que cada uma delas significa na atuação do ser humano
aprendente e utilizar esse conhecimento na prática, exatamente como fez Emilia,
na prática, com cada aluno em particular, desmetodizando a escola.
Emilia
percebeu que as crianças levantavam hipóteses sobre o que era a escrita e a
leitura, sendo assim, a visão de Emilia Ferreiro sobre a construção da língua
escrita é de que as crianças têm que reconstruí-la para poderem apropriar-se
dela, ou seja, repensam aquilo que veem sendo empregado pela sociedade e de
acordo com o entendimento de mundo que tem definem como utilizar, como empregar
e por fim como escrever e ler.
Esse termo
“construção” possui o mesmo peso conotativo de Piaget, ou seja, o
real existe fora do sujeito, no entanto é preciso reconstruí-lo para
conquista-lo.
Hoje
temos o apoio da ciência contemporânea como a neurociência que comprova o que
ocorre em nosso cérebro durante a aprendizagem, temos todas as respostas? Ainda
não, mas estamos num caminho sem volta a elas.
De
acordo com os neurocientistas Cosenza & Guerra (2001), é através do cérebro
que tomamos consciência das informações que chegam pelos nossos sentidos e
processamos essas informações comparando-as com nossas vivências e
expectativas, sendo então a parte mais importante do nosso sistema nervoso.
Afirmam
também que os professores podem facilitar o processo de aprendizagem, mas que a
aprendizagem é um fenômeno individual e privado e vai obedecer às
circunstâncias históricas de cada um de nós, sendo assim, todos nós temos uma
unicidade, características únicas e peculiares para entender, compreender e
aprender, temos impressões diferenciadas sobre o mesmo assunto, como podemos
então aprender o mesmo conteúdo da mesma forma? Como podemos estabelecer que a
maneira X é a correta para que todos na sala de aula apreendam?
Acredito,
por análise própria e livre, que um dos grandes fatores a contribuir para que
tenhamos nossas peculiaridades é nosso sistema emocional, creio que ele é o que
chega a frente de cada estímulo que recebemos, dos estímulos que nos
apropriamos, e através do que sentimos pautamos nosso entendimento.
Por
esse motivo defendo que a educação está muito alheia as necessidades dos seres
humanos da atualidade e que a formação tecnicista, digo aqui, a formação
voltada ao profissional, ao ser que propaga a história da humanidade está
fadada ao erro.
Precisamos
de escolas que formem seres humanos capazes de desenvolver autoconhecimento,
autopreservação, conhecimento do outro, do mundo ao seu redor, de uma ecologia
humana, geográfica e planetária, e não estou levantando uma bandeira verde, mas
algo muito maior que isso que é o comprometimento com o respeito em todas as suas
formas.
Respeito
não é apenas dizer Senhor e Senhora, nem ser educado com os mais velhos,
respeito é um conceito tão amplo que mora nos detalhes.
O
conhecimento generalizado e técnico está livre na internet e pode ser acessado
a qualquer momento. O respeito a vida das espécies em geral, bem como a
qualidade dessas vidas está deixando a desejar.
Educação
emocional, educação humana global para uma era de globalização planetária é a
resposta para um futuro digno.
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