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segunda-feira, 23 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
No ensino superior, 38% dos alunos não sabem ler e escrever plenamente
Acredito que isso só irá parar de acontecer quando o ensino superior mudar, vejo diferente, a mudança deve ser de cima para baixo, o ensino deve mudar para a universidade, pois é ali que os professores são formados, é ali que aprendem a serem professores, profissionais, se forem ensinados com qualidade e com os mesmos métodos que irão aprender, poderão utilizar de maneira orgânica, e não aceitarão menos que o ótimo em seu trabalho.
Enquanto o governo insistir em mudar o ensino básico primeiro, não haverá profissionais competentes para essas mudanças...
Loucura é ficar repetindo as mesmas ações sem parar, e essa é a história da educação, exercem mudanças no lugar errado, desde sempre.
Pena...
LUIS CARRASCO, MARIANA LENHARO - O Estado de S.Paulo
Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade.
Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano, como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do desconto de um produto.
O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo (mais informações nesta pág.). Aqueles que não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações.
Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do ensino, pois o aumento da escolarização não foi suficiente para assegurar aos alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e escrita.
"A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão de mais alunos nas escolas", diz Ana Lúcia. "Porém, o relatório mostra que já passou da hora de se investir em qualidade."
Segundo dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento foi bom, pois possibilitou a difusão da educação em vários estratos da sociedade. No entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do crescimento acelerado.
"Algumas universidades só pegam a nata e as outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de sobrevivência", comenta. "Se houvesse demanda por conteúdos mais sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma."
Para a coordenadora-geral da Ação Educativa, Vera Masagão, o indicativo reflete a "popularização" do ensino superior sem qualidade. "No mundo ideal, qualquer pessoa com uma boa 8.ª série deveria ser capaz de ler e entender um texto ou fazer problemas com porcentagem, mas no Brasil ainda estamos longe disso."
Segundo Vera, o número de analfabetos só vai diminuir quando houver programas que estimulem a educação como trampolim para uma maior geração de renda e crescimento profissional. "Existem muitos empregos em que o adulto passa a maior parte da vida sem ler nem escrever, e isso prejudica a procura pela alfabetização", afirma.
Jovens e adultos. Entre as pessoas de 50 a 64 anos, o índice de analfabetismo funcional é ainda maior, atingindo 52%. De acordo com o cientista social Bruno Santa Clara Novelli, consultor da organização Alfabetização Solidária (AlfaSol), isso ocorre porque, quando essas pessoas estavam em idade escolar, a oferta de ensino era ainda menor.
"Essa faixa etária não esteve na escola e, depois, a oportunidade e o estímulo para voltar e completar escolaridade não ocorreram na amplitude necessária", diz o especialista.
Ele observa que a solução para esse grupo, que seria a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ainda tem uma oferta baixa no País. Ele cita que, levando em conta os 60 milhões de brasileiros que deixaram de completar o ensino fundamental de acordo com dados do Censo 2010, a oferta de vagas em EJA não chega a 5% da necessidade nacional.
"A EJA tem papel fundamental. É uma modalidade de ensino que precisa ser garantida na medida em que os indicadores revelam essa necessidade", diz Novelli. Ele destaca que o investimento deve ser não só na ampliação das vagas, mas no estímulo para que esse público volte a estudar. Segundo ele, atualmente só as pessoas "que querem muito e têm muita força de vontade" acabam retornando para a escola.
Ele cita como conquista da EJA nos últimos dez anos o fato de ela ter passado a ser reconhecida e financiada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). "Considerar que a EJA está contemplada no fundo que compõe o orçamento para a educação é uma grande conquista."
sábado, 7 de setembro de 2013
Reflexão sobre a Atuação do Psicopedagogo na Escola Frente a Aprendizagem
SIMONE SIMÕES DA SILVA
REFLEXÃO SOBRE A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA
FRENTE A APRENDIZAGEM
ANHANGUERA PÓS-GRADUAÇÃO
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
DEZEMBRO 2012
INTRODUÇÃO
Cabe neste momento
introdutório esclarecer acerca da Psicopedagogia Institucional, suas vertentes,
campos e modos de atuação.
Para Fagali e Vale (2011a) a
Psicopedagogia surgiu como uma necessidade de compreender os problemas de
aprendizagem, que por sua vez se relacionam com os desenvolvimentos cognitivo,
psicomotor e afetivo. Afirmam ainda que atualmente esse contexto foi ampliado
para a psicopedagogia terapêutica e a psicopedagogia preventiva.
Fagali e Vale (2011b) deixam
claro que a Psicopedagogia terapêutica era utilizada mais em consultórios
dentro da Psicopedagogia Clínica, sendo este atendimento normalmente
individual, e propõe que a terapêutica atualmente também pode ser utilizada em
âmbito escolar dando novo sentido a recuperação, e tem como principal objetivo
reintegrar e readaptar o aluno ao cotidiano da sala de aula. A outra forma de
atuação na Instituição Escolar se dá por meio de apoio e assessoria a
pedagogos, orientadores, coordenadores e professores, trabalhando as relações
professor-aluno, bem como os procedimentos pedagógicos utilizados no processo
da construção do conhecimento.
Nosso interesse com este
trabalho se debruça na atuação Psicopedagógica Escolar que consiste em
compreender o processo educacional interdisciplinarmente observando e
elaborando estratégias para que os alunos construam competências e habilidades
modelando o sujeito para atuar numa sociedade mais humana e mais ética, de
acordo com Damiani (2012a).
O trabalho do Psicopedagogo Institucional
é de extrema importância para devolver aos alunos com dificuldades de
aprendizagem, a autoestima e posicioná-los em sala de aula de forma a serem
respeitados e olhados com olhos atentos por quem os educa, bem como na
intervenção pedagógica antecipando-se a possíveis problemas, de forma
preventiva, apoiando-se nas teorias e conhecimentos epistemológicos e cognitivos.
Damiani (2012b) reflete que
para chegar à função do Psicopedagogo Institucional deve-se refletir sobre a
importância da aprendizagem humana e suas ligações com emoção, memória e
cognitivo.
Dessa forma esclarecemos que
o Psicopedagogo Institucional está apto a oferecer melhores condições de
aprendizado ao sujeito cognoscente no ambiente escolar, bem como está apto a
intervir pedagogicamente para a prevenção de problemas.
DESENVOLVIMENTO
Para Martins (2010), o
professor, quando recorre ao Psicopedagogo é porque está com problemas e
necessita de ajuda, sendo este o profissional apto a reconhecer, compreender e
atender as especificações necessárias para a recuperação daquele aluno.
É importante salientar que o
Psicopedagogo Institucional trabalha com a Aprendizagem, ou seja, que todo e
qualquer aluno está na escola com a mesma finalidade social e de cognição,
dessa forma não importa o obstáculo existente é dever psicopedagógico voltar
atenções as formas e possíveis entradas para esse aprendizado.
Girotto 2012 apud Capretz,
diz que o processo de aprendizagem depende de uma interação intersubjetiva
entre os sujeitos e tem o diálogo como ponto central. Rotta 2006 apud Capretz, esclarece
que um cérebro com estrutura normal, com condições funcionais e neuroquímicas
corretas e com um elenco genético adequado, não significa 100% de garantia de
aprendizado normal.
Apoiando-se nessa afirmação
percebemos que existem outros fatores que são determinantes para que o processo
de ensino-aprendizagem ocorra a contento. O ser humano é biológico (corpo/funcionamento),
cerebral (mente/pensamentos), psicológico (emoções/sentimentos) e social
(espaço físico e influências de pessoas), e necessita dessas partes articulando-se
em harmonia para se desenvolver em sua plenitude.
Quando um desses aspectos se
encontra em desequilíbrio pode ocorrer comprometimento no aprendizado do indivíduo,
sendo esse um dos pontos do desafio para a observação e atuação do
Psicopedagogo.
Para tanto se faz necessário
a avaliação Psicopedagógica que de acordo com Gonçalves (2012a) é necessário
que se pesquise o que de fato o aluno aprendeu, como articula esses
conhecimentos entre si e como faz uso desses conhecimentos tanto na escola como
fora dela.
Vilana (2008a) afirma que as
avaliações psicopedagógicas podem ser feitas de diversas maneiras, mas que é
imprescindível o contato com o aluno, vê-lo fisicamente, perceber seu estado de
ânimo, sua forma de se relacionar, comunicar e de se posicionar, seus
interesses, desejos e queixas; esse diálogo com o aluno é tão importante que sem
ele teríamos um vazio importante no caso.
Continuando com Vilana
(2008b), esse diálogo nos permite ver além do que se está falando, pois há o
fator implícito nas atitudes e na atuação.
Segundo Gonçalves (2012b), o
Psicopedagogo deve ser comprometido com o ato avaliativo, ora pelas
interpretações do que vê, ora por não buscar ver. Completando a intenção
avaliativa cita Porto (2011, p.24) dizendo que o diagnóstico psicopedagógico é
composto de vários momentos que tomam dimensões diferentes conforme a necessidade
de cada caso, sendo assim há momentos de anamnese só com os pais, de
compreensão das relações familiares, de avaliação da produção pedagógica e de
vínculos com objetos de aprendizagem escolar.
Para Bossa em entrevista no
vídeo Diagnóstico Psicopedagógico é muito importante que o primeiro contato
seja feito primeiro com o aluno, depois com os pais e por último com os
professores e escola. Com o aluno para senti-lo e conhece-lo antes de ouvir
outras pessoas, seguido dos pais para saber se há ressalvas do que apresentar a
escola futuramente, ouvindo também as características que os pais veem no filho
e por último colhendo a impressão e queixa da escola.
De acordo com Gonçalves
(2012c) a EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem) é um instrumento
simples, mas rico em resultados.
Bossa (DVD) apresenta a EOCA
como fonte de riqueza avaliativa e que deve ser muito bem observada e pontuada
para que se analisem todos os aspectos que a criança está entregando naquele
momento.
Sobre a EOCA:
As
propostas a serem feitas na E.O.C.A, assim como o material a ser usado, vão
variar de acordo com a idade e a escolaridade do paciente. O material comumente
usado para criança é composto numa caixa aonde o paciente encontrará vários
objetos, sendo alguns deles relacionados à aprendizagem, tais como, cola,
tesoura, papel sulfite branco e colorido, papel crepom e seda, coleção, cola
colorida, livros de leituras, revistas para recorte e colagem e diversos outros
materiais. (Michelle).
Para Gonçalves (2012d)
deve-se observar e registrar a postura da criança, como se senta, quais
materiais evita e quais prefere, se termina o que começou, se quer mexer em
tudo ou em pouca coisa, se é organizada ou não. É importante pedir que mostre o
que sabe fazer com o que pegou na caixa ou na mesa.
Com a EOCA é possível
observar a modalidade de aprendizagem que pode ser hipoassimilativa,
hiperassimilativa, hipoacomodativa e hiperacomodativa. Isso nos mostra a
importância da aprendizagem no trabalho psicopedagógico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho trouxe à luz a
importância do trabalho Psicopedagógico Institucional para a aprendizagem
escolar.
Esclarecendo quem é o
Psicopedagogo Institucional, suas atuações e seu principal objeto de estudo e
trabalho: o sujeito cognoscente e a tradução da aprendizagem nesse sujeito. Seus
métodos avaliativos e suas perspectivas, bem como sua percepção e observação
que traduzem o subjetivo do sujeito avaliado para o concreto em ações muitas
vezes simples, mas efetivas do dia a dia escolar.
A base da Psicopedagogia e
seu objeto de estudo e trabalho foram aqui discutidos e salienta-se que há
muito mais por trás do diagnóstico e da ação psicopedagógica que não foi
discutida aqui, mas que é de suma importância para o bom desenvolvimento tanto
da avaliação como da ação e intervenção do Psicopedagogo.
É positivo destacar que o
trabalho Psicopedagógico integra questões afetivas, intelectivas e sociais,
buscando encontrar um sujeito ativo, consciente e inteiro.
BIBLIOGRAFIA
BOSSA, Nadia A. DVD Diagnóstico Psicopedagógico –
Coleção Psicopedagogia. Atta Mídia e Educação.
CAPRETZ,
Nancy. Problemas e Distúrbios da Aprendizagem. Departamento de
Pós-Graduação e Extensão. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2012. Disponível
em: <http://anhanguera.com>. Acesso em: 18 dez. 2012.
DAMIANI, Anna Maria Nascimento. Psicopedagogia
Institucional, p. 1- 39, 2012. Disponível em:
<www.anhanguera.edu.br/cead>. Acesso em: 18 dez. 2012.
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VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional Aplicada: A
aprendizagem Escolar Dinâmica e Construção na sala de aula. 11ª Petrópolis/rj:
Vozes, 2011.
GONÇALVES;
Ana Paula Menossi - Avaliação e Intervenção
Psicopedagógica Institucional - Departamento de
Extensão e Pós-Graduação. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2012.
Disponível em: <www.anhanguera.com>. Acesso em: 19 dez. 2012.
MARTINS, Lilian da Silva
Rocha. Era uma vez Maria... Um Estudo de
Caso – Descobrindo Caminhos para a Modificabilidade. 2010.
MICHELLI, Ana. Entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem – EOCA < http://psicopedagogiaeducacao.blogspot.com.br/2009/09/entrevista-operativa-centrada-na.html> Acessado em 19/12/2012.
SÁNCHEZ-CANO, Manuel;
BONALS, Joan e Cols. Avaliação
Psicopedagógica. Reimpressão 2010. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Reflexão sobre o Process de Alfabetização e Aprendizagem da Matemática do Aluno com Síndrome de Down
SIMONE SIMÕES DA SILVA
REFLEXÃO SOBRE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E APRENDIZAGEM DA
MATEMÁTICA DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN
ANHANGUERA
PÓS-GRADUAÇÃO
PSICOPEDAGOGIA
INSTITUCIONAL
SETEMBRO
2012
INTRODUÇÃO
O objetivo desse
trabalho é o de trazer informações acerca da Síndrome de Down, como sua
ocorrência, características, forma de apresentação, seus tratamentos para que o
profissional da pedagogia e da psicopedagogia possa interagir com esse aluno sem
medos para conseguir resultados concretos e efetivos, focando no ensino da linguagem
e matemática.
O psicopedagogo
institucional é o profissional indicado para orientar o processo de
ensino-aprendizagem para crianças com os mais variados distúrbios e
dificuldades de aprendizagem, inclusive portadores de Síndrome de Down, e para
isso é necessário ter amparo em conhecimento teórico científico.
As neurociências, a
pedagogia, psicologia e psicopedagogia estão convergindo seus conhecimentos
para o bem comum do sujeito cognoscente, ou seja, compreendendo e criando
formas cada vez mais estruturadas para o aprendizado humano.
Segundo
Castanho (2011), a Psicopedagogia vem se consolidando como área
interdisciplinar voltada para a compreensão e a intervenção nos processos de
aprendizagem de indivíduos e grupos, nos vários contextos sociais, culturais e
institucionais em que a aprendizagem ocorre.
Sendo assim
tem seu papel tanto na recuperação quanto na estruturação do
processo de ensino-aprendizagem nos casos de distúrbios, déficits e
dificuldades do aprendizado como na Síndrome de Down.
DESENVOLVIMENTO
Etiologia
da Síndrome de Down
A Síndrome de Down é um
distúrbio genético que apresenta comprometimento neurológico grave como parte
do quadro de sintomas, faz parte das anormalidades cromossômicas, classificada
como Trissomia do Cromossomo 21, que para a área médica é classificada como a
mais comum causa de retardo mental que pode ser de grave a moderado.
De acordo com Umphred
(1994), foi descrita primeiro como mongolismo em 1866 pelo Dr. Langdon Down, a
causa da Síndrome de Down como presença de um cromossomo extra no Grupo G foi
descoberta por Lejeune em 1959. Afirma também que a incidência de bebês
afetados pela Síndrome se dá pelo avanço da idade materna.
Segundo o Centro de
Pesquisas do Genoma Humano (CEGH), ligado ao Instituto de Biociências da USP, a
incidência da Síndrome de Down é estimada em cerca de 1 caso em cada 800
crianças nascidas vivas. E descreve a Síndrome da seguinte forma:
Essa síndrome decorre da presença
de uma cópia extra do cromossomo 21 no material genético do afetado. Um
indivíduo sem alteração em seu material genético tem duas cópias de cada um dos
tipos de cromossomos humanos e o afetado pela síndrome de Down tem três cópias
de um deles, o cromossomo 21. A presença de três
cromossomos 21 normais (denominada trissomia livre) é a causa mais comum da
síndrome de Down, ocorrendo em mais de 90% dos casos. Nesses casos, a
cópia extra do cromossomo 21 está translocada para a porção terminal de outro
cromossomo. Além dessas duas possibilidades, o mosaicismo do cromossomo 21 é
encontrado em cerca de 2 a 4% dos indivíduos com a síndrome de Down. É
importante ressaltar que os afetados pela síndrome devido a um rearranjo
cromossômico são indistinguíveis fenotipicamente daqueles com trissomia livre
do 21. Além disso, nos casos de translocações cromossômicas não há relação
entre a idade materna e o rearranjo. As características clínicas da síndrome de
Down são congênitas e incluem, principalmente: atraso de desenvolvimento
neuropsicomotor, hipotonia muscular, baixa estatura, anomalias cardíacas,
microcefalia, perfil achatado, olhos com fendas palpebrais oblíquas, orelhas
pequenas com implantação baixa, língua grande, protrusa e sulcada,
clinodactilia (encurvamento) dos quintos dígitos, aumento da distância entre o
primeiro e o segundo artelho e prega única nas palmas das mãos. Pacientes
adultos apresentam frequentemente alterações características da doença de
Alzheimer.
De acordo com o Manual Merck
on line, as crianças com síndrome de Down correm um maior risco de
contrair doenças do coração e leucemia. A sua esperança de vida é reduzida se
apresentarem estas anomalias. Muitas pessoas com síndrome de Down têm problemas
de tiroide. Têm tendência para sofrer de problemas nos ouvidos, devido a
repetidas infecções e à consequente acumulação de líquido no ouvido interno
(otite serosa). Também desenvolvem problemas de visão, causados por mudanças na
córnea e no cristalino. Tanto os problemas auditivos como visuais podem ser
tratados. Muitas pessoas com síndrome de Down apresentam sintomas de demência
quando chegam aos 30 anos (perda de memória, maior deterioração da inteligência
e mudança de personalidade). É comum que a sobrevida de um portador de Down
seja mais breve.
É
importante que os profissionais que acompanham a criança portadora da Síndrome de
Down possuam conhecimentos da etiologia do distúrbio para basear a sua prática.
Visão Estrutural
Crianças
com Síndrome de Down passam por acompanhamento clínico com os mais diversos
profissionais, como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e desde o nascimento
com fisioterapeutas. De acordo com Guia do bebê com
síndrome de Down – dr Zan Mustacchi, o bebê pode começar a
fisioterapia desde o nascimento para que, com os exercícios, consiga
sustentar o pescoço, rolar, sentar-se,
arrastar-se, engatinhar, ficar em pé e andar, minimizando os efeitos motores da
síndrome de Down.
O
Fisioterapeuta deve trabalhar a criança para que melhore seu tônus muscular, construa
postura ereta, marcha normal e obtenha qualidade em seu desenvolvimento motor
geral, adquirindo assim sua independência nas atividades da vida diária. Fator
importante para o desenvolvimento das coordenações motoras necessárias para a
vida escolar.
Dessa forma
faz-se necessário que psicopedagogos pensem a necessidade e acompanhamento do
trabalho motor como causa de fundamental importância para o desenvolvimento do
aluno com Síndrome de Down.
Cognição
Coseza e
Guerra (2011) descrevem que há diminuição do tronco encefálico e do cerebelo e
também de neurônios do córtex cerebral. E que embora sejam capazes de adquirir
alguns conhecimentos, todos os portadores têm dificuldades na aprendizagem, de
leve a moderada.
Ainda em
Coseza e Guerra (2011), a síndrome de Down produz alterações no tamanho das
estruturas do sistema nervoso, no número de neurônios e na taxa de formação de
sinapses, por isso as funções cognitivas importantes para a aprendizagem como a
linguagem, a memória e a função executiva encontram-se prejudicadas.
Essas
alterações podem ter sua atividade alterada pela interação ambiental, ou seja,
com estímulos precoces desde o nascimento já com a fisioterapia e com estímulos
recebidos pelos pais, como carinho, cuidado e amor, que são fundamentais para o
desenvolvimento motor, mental e psicológico. Mais a frente com intervenções
psicomotoras e pedagógicas adequadas levam o sindrômico a novos padrões de
comportamento, diferenciando-se daqueles que não recebem o mesmo estímulo.
Coseza e
Guerra (2011, p.145), afirmam que as políticas de inclusão demandam a capacitação
dos profissionais de apoio nas escolas regulares. As neurociências e os estudos
e descobertas de estratégias pedagógicas específicas, são condições
imprescindíveis para tornar a inclusão de crianças com necessidades especiais,
tais como autistas e na síndrome de down, à realidade.
De acordo
com a citação feita pelo Professor Potiguara¹ a educação deve ser tomada como
ciência e não como educação.
Educação é
o ato de educar e está relacionado com o potencial de tornar no outro aquilo
que se deseja, ou seja, de moldar o ser em questão de acordo com valores de um
determinado núcleo. Isso é o que todas as famílias fazem com relação a seus
filhos, no tocante a educação, repassando o que aprenderam.
Já a escola tem o papel de estruturar a mente humana para as ciências,
para o que a humanidade conquistou em termos de descobertas e aprimoramentos
científicos e históricos, constatando assim a evolução humana.
Vendo por esse ângulo se faz necessário mudar a visão da escola
passando a estruturação científica do aprender e não mais educativa, dessa
forma o apreender cabe a todos.
Segundo Cunha (2011), quando alguém diz que certa criança tem
problemas de aprendizagem, intuímos que ela não está conseguindo reter e
processar informações de forma adequada em relação aos conteúdos abordados na
escola.
Podemos verificar que essa teoria é errônea ao nos deparar com o
conceito de aprendizagem exposto por Carlson (2002), citado por Cunha (2011),
que é o processo pelo qual as experiências mudam nosso sistema nervoso e, desta
forma, também mudam nosso comportamento. Na página 197, expõe que a memória é
parte fundamental da aprendizagem, a repetição dos atos, sons, imagens ou
quaisquer outras situações tem um forte efeito na sua apreensão. Já na página
202, afirma que a inteligência é produto entre a formação do cérebro
estruturada durante a sua formação (genética) e a interação com o meio ambiente
(afetividade, estímulos, nutrientes), aos quais todos nós estamos sujeitos. Esse
conceito é de grande importância para o ensino escolar aos portadores de Síndrome
de Down. Suas deficiências são concretas, ou seja, orgânicas e biológicas, mas
de acordo com a interação com o meio e a forma que são tratados podem levar ao
aprendizado efetivo de conteúdos e conceitos, mudando sua estrutura cerebral.
Assim sendo, cabe a psicopedagogia observar, pesquisar, buscar
termos e orientar os profissionais da educação ao trabalhar com portadores da
Síndrome de Down.
Para Salvador et al (1999), o desenvolvimento do indivíduo se dá
na interação entre a bagagem biológica-hereditária e a bagagem cultural própria
do grupo em que está inserido, fortalecendo mais as condições de aprendizados
de alunos com Síndrome de Down.
¹Professor Potiguara, em
sua terceira aula para o curso de Psicopedagogia Institucional da Universidade
Anhanguera, datada de 27.08.2012.
Para Cisto
et al (2010, p.61), citando Nunes e Bryant (1997), lembram que as crianças
precisam ser lógicas e devem entender o sentido lógico do que estão fazendo,
obedecendo a regras e princípios lógicos. Em seus trabalhos Piaget mostra que
as crianças devem captar os princípios lógicos como os de conservação e
transitividade.
Baseando-se
nesse fato e nas conclusões da pesquisa sobre o ITS (Sistema Tutorial
Inteligente) de Groenwald et al (2010), o aluno com síndrome de Down é capaz de
aprender conteúdos e conceitos lógico-matemáticos se o mesmo for apresentado de
forma concreta e se o mesmo conceito for apresentado diversas vezes, reforçando
o conteúdo aprendido. A pesquisa também esclarece que a aquisição do conceito
número se faz de 0 a 9, podendo-se trabalhar dentro dessas especificações.
Quando
o contexto do aprendizado é a leitura e escrita, o profissional pedagogo que
acompanha o aluno com Síndrome de Down deve estar atento as fases da construção
da escrita expostos por Emilia Ferreiro (1999) e parar de acreditar que devem
buscar métodos e cartilhas para seguir, conforme exposto por Moraes e Kubaski
(2009), é necessário que o professor interaja, conheça e perceba seu aluno,
buscando seus próprios métodos, apoiando-se nas teorias do conhecimento
existentes, lembrando que o trabalho deve ser feito sempre dentro da realidade
de cada aluno.
CONSIDERAÇÕES
Faz-se
necessário que os professores e a direção escolar reestruturem suas visões com
relação à inclusão e aos métodos, pois o método é algo variável e não deveria
ser o foco de processo de ensino-aprendizagem, mas sim o próprio processo.
Como
todo processo o aprender ocorre de maneira única para cada ser humano, não é
linear, sofre alterações constantes como nos apresentou o Professor Potiguara
em sua aula de Desenvolvimento do Pensamento Lógico Matemático, referindo-se a Madeimoselle
Ramén, que afirma que o conhecimento se dá como se fosse bico de serra, uns
mais altos que os outros, uma hora o aluno sobe outra desce.
A
conclusão é de que o professor precisa estar amparado pelo saber científico
para desenvolver-se em sala de aula, seja com alunos padrões ou com alunos de
inclusão, vivemos numa era onde o aprender é constante, as informações estão
soltas em todos os meios de comunicação e a apropriação de conteúdos e
conceitos de qualidade se faz necessário, logo a
intervenção de
um profissional especializado e com especificações de fundo científico e de
forma consciente é muito importante para a realização do mais importante de
todos os processos escolares que é o aprender-ensinar.
BIBLIOGRAFIA
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Leonor B. Neurociência e Educação: Como o Cérebro Aprende. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
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Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Reimpressão 2007. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
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aprendizagem matemática de alunos com síndrome de down. 2010.
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http://www.manualmerck.net/?id=280&cn=1486&ss=.
Acessado em 28/09/2012.
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Crianças com síndrome de Down na rede regular de ensino. PUCPR, 2009.
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Acessado em 28/09/2012.
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BORUCHOVITCH, Evely; FINI, Lucila Diehl Tolaine; BRENELLI, Rosely Palermo;
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- UMPHRED,
Darcy Ann. Fisioterapia Neurológica. 1ª edição. São Paulo: Editora Manole.
O Papel do Psicopedagogo na Escola
Simone
Simões da Silva
O
PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA
São
Paulo
2012
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o
objetivo de posicionar o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar, bem
como mostrar o quão representativo é seu trabalho na comunidade educacional.
Analisar a proposta do
psicopedagogo enquanto profissional capaz de se envolver tanto no saber
pedagógico quanto no psicológico, fazendo uma ponte entre o que ocorre no plano
concreto da escola com o que tanto aluno, quanto professores e equipe escolar
precisam para um desenvolvimento pleno em prol da hegemonia do saber, em todos
os seus aspectos: físicos, mentais, psicológicos e sociais, buscando sempre o
melhor caminho para isso.
O psicopedagogo é o
profissional capaz de mediatizar o conhecimento teórico ao processo empírico da
educação para trazer a luz os conhecimentos e habilidades tanto de alunos que
apresentem problemas em seu aprendizado, como de profissionais, educadores e
famílias transpondo as barreiras da dificuldade, vivenciando o conhecimento da
melhor forma possível em cada caso.
A psicopedagogia
caminha para o reconhecimento da profissão, comprovando através de seu trabalho
tanto de pesquisa quanto na atuação prática e efetiva junto às escolas e
alunos, demonstrando sua grande importância tanto na recuperação quanto na
prevenção de perturbações no processo de ensino-aprendizagem.
DESENVOLVIMENTO
Após leitura reflexiva
dos artigos: A contribuição do Psicopedagogo no Contexto Escolar, de SOARES,
Matheus e SENA, Clério Cezar Batista; Alfabetização e Motricidade: Revendo essa
Antiga Parceria, de COLELLO, Silvia M. Gasparian; e da pesquisa: A Atuação do
Psicopedagogo em Instituições de Ensino: Relato de Experiência, de OSTI,
Andreia, JÚLIO, Ana Angélica, TORREZIN, Ana Lúcia Juliato; SILVEIRA, Cristina
de Andrade Ferreiro; juntamente com o conhecimento obtido durante as aulas das
disciplinas de: Introdução a Psicopedagogia; Teorias da Aprendizagem e
Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, bem como apoiada em leituras
sobre o desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e físico do ser humano,
deixo minha contribuição a respeito da Atuação do Psicopedagogo na Escola.
Creio que seja muito
importante já de início separar as diferenças entre a Psicopedagogia e a
Psicologia Escolar, que segundo o item 7 do faq no site da Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPP):
Podemos diferenciar a
Psicopedagogia da Psicologia Escolar de três formas:
1. Diferença quanto à origem histórica:
1. Diferença quanto à origem histórica:
A Psicologia Escolar
surgiu para explicar o fracasso escolar, enquanto a
Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado ao trabalho com aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos.
Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado ao trabalho com aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos.
2. Diferença quanto à
formação: A Psicologia Escolar é uma especialização do curso de graduação em
Psicologia, enquanto o curso de Psicopedagogia é um curso de especialização,
que recebe graduados em diversos cursos.
3. Diferença em relação
ao campo de atuação: Talvez esta seja a diferença mais significativa. O
trabalho da Psicologia Escolar se realiza nos limites da Psicologia, enquanto o
trabalho Psicopedagógico se realiza na interface da Psicologia e da Pedagogia
ou, mais recentemente, na interface da Psicanálise e da Pedagogia. Neste último
caso, busca entender e intervir no processo de ensino e aprendizagem, levando
em conta o inconsciente e a relação transferencial. (http://www.abpp.com.br/faq_oquee.htm#9)
O terceiro item dessa
citação deixa clara a grande importância do Psicopedagogo na Instituição
Escolar, pois determina que o Psicopedagogo entende e intervém no processo de
ensino e aprendizagem, baseado tanto em conhecimentos Pedagógicos como
Psicológicos dos processos cognitivos, físicos, emocionais e relacionais do ser
aprendente.
Dessa forma é
necessário termos em mente que a atuação de Psicopedagogo se dá na dificuldade,
ou seja, antes do fracasso escolar, e que se a dificuldade existe é porque algo
está em desequilíbrio e cabe a esse profissional diagnosticar onde está esse
desequilíbrio, através de observações, questionários, anamneses, investigações
sobre e com a família dessa criança, verificar o método de ensino aplicado,
reunindo-se com a equipe escolar e principalmente com os educadores desse
aluno.
A realidade do aluno é
um fator muito importante no desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e
motor, conhecer essa realidade é a base para que o trabalho do Psicopedagogo se
desenvolva a contento.
De acordo com a teoria
sócio-interacionista de Lev Vigotsky o ser humano se desenvolve e constitui-se
de acordo com o outro (LA TAILLE, 1992, p.24), se refletirmos de forma pontual
o primeiro contato social da criança é a sua família, não importando o seu
tamanho e formato.
O próximo contato
social diário da criança é a escola, nesse espaço a criança terá orientadores,
educadores, colegas e amigos, há um contexto social muito forte.
Essa família e essa
escola são a realidade desse aluno, e tanto a família quanto a escola precisam
ter o entendimento de qual o papel que desempenham na vida desse ser humano. O
viver diariamente numa determinada realidade muitas vezes nos exime da compreensão
de nossos atos, da nossa rotina e principalmente das consequências que são
geradas, tanto positivas quanto negativas.
Outro aspecto que é
necessário trabalhar com cuidado e até suavidade é o como transmitir para a
família as dificuldades do filho, de onde são provenientes e como lidar com as
mesmas, pois esse primeiro contato irá ditar o tom para o bom desenvolvimento
dessa criança na busca do seu progresso na aprendizagem.
O processo de
ensino-aprendizagem é tão cheio de minúcias e detalhes, que em muitas vezes o
problema passa sem ser notado pelo profissional educador e equipe técnica,
sendo nesse contexto que o Psicopedagogo Escolar tem a sua atuação marcada pela
observação atenta e criticidade, apoiado em teorias da aprendizagem, pesquisas
e entendimento do processo tanto motor, quanto psicológico e cognitivo do ser.
Conforme os relatos da
pesquisa encontrados no texto: A Atuação do Psicopedagogo em Instituições de
Ensino: Relato de Experiência, Valinhos, 2004, a quantidade de crianças e
adolescentes que apresentam dificuldades é grande e isso por si só mostra a
necessidade da atuação do Psicopedagogo na Instituição Escolar. Quando o
projeto passou a atuar, foi percebido que as queixas de aprendizagem aumentavam
a cada ano, mas que a maioria dos alunos atendidos possuía bom nível cognitivo,
de atenção e concentração e não possuía problemas de aprendizagem, deixando
claro que em certos casos a escola não consegue resolver os problemas e
dificuldades, sendo necessária a atuação de um profissional competente e
especializado, que nesse caso o Psicopedagogo preenche os requisitos
necessários.
De acordo com Ferreiro
e Teberosky (1999), já faz um tempo que educadores e psicólogos perceberam que
a aprendizagem da leitura e da escrita não poderia se reduzir a um conjunto de
técnicas percepto-motoras, não basta que as estruturas cognitivas, emocionais,
motoras e perceptivas estejam funcionando plenamente é necessário uma atuação
diferenciada do educador frente aos conteúdos a serem transmitidos para seu
aluno. É necessário ir além do traçado, e da forma como a educação se
estabeleceu até então.
Os métodos
estabelecidos através da teoria de Jean Piaget em sua grande maioria visam
criar muito mais do que seres capazes de ler e escrever, mas sim seres capazes
de viver o processo de aprendizagem de forma a ter envolvimento com o aprender,
por consequência abastecendo esse ser de saber com significado para a sua
atuação no mundo e apto a trilhar seu próprio caminho, construindo e
reconstruindo esse saber.
Outro ponto importante
e na maioria das vezes pouco textualizado, difundido e discutido é o movimento
humano, de acordo com Wallon:
O
movimento começa desde a vida fetal. Na ontogênese, com efeito, as funções vão
se esboçando com o desenvolvimento dos tecidos e dos órgãos correspondentes,
antes de poderem se justificar pelo uso. É por volta do 4º mês de gravidez que
os primeiros deslocamentos ativos da criança são percebidos pela mãe. (Tradução
BERLINER, Claudia, 2007).
Podemos dizer que o ser
humano é um ser ativo, partindo a princípio de seu princípio físico e motor,
logo esse princípio deveria ser amplamente trabalhado no âmbito escolar, não
como educação do corpo, como a educação física feita a parte, tratando o ser
humano em partes: corpo, mente e emoção, mas numa formação global, onde o ser é
visto em sua totalidade e é trabalhado para a aquisição de conhecimento, dessa
mesma forma.
A criança necessita de
liberdade de movimento para expressar-se e adquirir entendimento do mundo que a
rodeia, mas desde muito nova a criança é posta em cadeiras, atrás de mesas para
escrever letras copiar palavras, pintar desenhos, para ajuda-la a criar um
traçado bom o suficiente para o desenvolvimento da escrita.
Faz-se necessidade
urgente que a escola se aproprie do processo cognitivo-motor da criança,
envolvendo-a como um todo e traduzindo a sua linguagem corporal para o
desenvolvimento do seu aprender.
O texto estudado, as
autoras comentam que “O mundo da escola
da educação básica teria de ser transformado em significado para a criança”.
Para mim essa frase tem
um significado direcionado a um processo de mudança na educação escolar como um
todo, onde as técnicas utilizadas hoje tornar-se-iam obsoletas, pois criança
para aprender deve usar todo o seu corpo, sua emoção, criatividade, fantasia,
percepção, conhecimento de mundo, e o entusiasmo pelo novo, pela descoberta.
As salas de aulas
seriam modificadas de tal forma onde o estranho seriam ver crianças sentadas.
Com certeza aprenderiam matemática de forma mais significativa se elas próprias
tomassem o lugar dos números e ativamente contassem, somassem e subtraíssem, em
cálculos ativos em jogos de movimentação. O quão significativo não seria, se
cada criança fosse um planeta que compõe o nosso sistema solar, se movimentando
de forma a transladar e compreender o espaço? Isso não seria um colírio para os
nossos olhos e refresco para nossas mentes?
O aprendizado humano é
muito mais que só corpo, só mente, só emoção, só socialização, somos seres
complexos dentro de uma esfera onde vários cientistas, estudiosos e
pesquisadores, buscam explicar e definir em partes o que faz parte do todo.
CONSIDERAÇÕES
Após o conteúdo
apreendido em aula, os conceitos obtidos em leituras através de pesquisas
pessoais, o entendimento dos artigos indicados para a realização deste trabalho
e a compreensão pessoal por experiência tanto social, quanto de cognição me
leva a crer que o ser humano vem sendo estudado e analisado das mais diversas
formas, onde cada grande teórico e pesquisador das mais diversas áreas
envolve-se com um aspecto humano:
· Anatômico;
· Fisiológico;
· Motor;
· Psiquismo;
· Cognição;
· Percepção;
· Social;
· Geográfico;
· Histórico;
· Político;
· Espiritual.
E isso me leva a crer
que cada um estuda, compreende e passa a frente um aspecto maravilhoso do ser
humano, e que ao estudarmos e compreendermos cada aspecto, também percebemos a
verdade naquele conteúdo, e isso vai acontecendo em cada aspecto citado acima.
Vejo que se faz o
momento de mudar a nossa visão, hora de parar de fatiar o ser humano e passar a
somar todas as contribuições criando um ser globalizado na estrutura humano,
mas único em sua individualidade, o que me diz que ainda necessita de um olhar específico
para a resolução de conflitos pessoais e internos, os aspectos podem ser
genéricos em espécie, mas o funcionamento é único e individual.
BIBLIOGRAFIA
- COLELLO,
Silvia M. Gasparian; Alfabetização e Motricidade: Revendo essa Antiga
Parceria.
- FERREIRO,
Emilia; TEBEROSKY, Ana; Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:
Artmed, 1999, reimpressão: 2007.
- LA TAILLE,
Yves; OLIVERIA, Marta Koll de; DANTAS, Heloysa, Piaget, Vygotsky, Wallon:
Teorias Psicogenéticas em Discussão. São Paulo: Summus, 1992.
- OSTI,
Andreia, JÚLIO, Ana Angélica, TORREZIN, Ana Lúcia Juliato; SILVEIRA,
Cristina de Andrade Ferreiro. Pesquisa: A Atuação do Psicopedagogo em
Instituições de Ensino: Relato de Experiência.
- SOARES,
Matheus e SENA, Clério Cezar Batista; A contribuição do Psicopedagogo no
Contexto Escolar.
- WALLON,
Henri; A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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