sábado, 7 de setembro de 2013

O Papel do Psicopedagogo na Escola

Simone Simões da Silva

  
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA


São Paulo
2012



INTRODUÇÃO


Este trabalho tem o objetivo de posicionar o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar, bem como mostrar o quão representativo é seu trabalho na comunidade educacional.
Analisar a proposta do psicopedagogo enquanto profissional capaz de se envolver tanto no saber pedagógico quanto no psicológico, fazendo uma ponte entre o que ocorre no plano concreto da escola com o que tanto aluno, quanto professores e equipe escolar precisam para um desenvolvimento pleno em prol da hegemonia do saber, em todos os seus aspectos: físicos, mentais, psicológicos e sociais, buscando sempre o melhor caminho para isso.
O psicopedagogo é o profissional capaz de mediatizar o conhecimento teórico ao processo empírico da educação para trazer a luz os conhecimentos e habilidades tanto de alunos que apresentem problemas em seu aprendizado, como de profissionais, educadores e famílias transpondo as barreiras da dificuldade, vivenciando o conhecimento da melhor forma possível em cada caso.
A psicopedagogia caminha para o reconhecimento da profissão, comprovando através de seu trabalho tanto de pesquisa quanto na atuação prática e efetiva junto às escolas e alunos, demonstrando sua grande importância tanto na recuperação quanto na prevenção de perturbações no processo de ensino-aprendizagem.


DESENVOLVIMENTO

Após leitura reflexiva dos artigos: A contribuição do Psicopedagogo no Contexto Escolar, de SOARES, Matheus e SENA, Clério Cezar Batista; Alfabetização e Motricidade: Revendo essa Antiga Parceria, de COLELLO, Silvia M. Gasparian; e da pesquisa: A Atuação do Psicopedagogo em Instituições de Ensino: Relato de Experiência, de OSTI, Andreia, JÚLIO, Ana Angélica, TORREZIN, Ana Lúcia Juliato; SILVEIRA, Cristina de Andrade Ferreiro; juntamente com o conhecimento obtido durante as aulas das disciplinas de: Introdução a Psicopedagogia; Teorias da Aprendizagem e Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, bem como apoiada em leituras sobre o desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e físico do ser humano, deixo minha contribuição a respeito da Atuação do Psicopedagogo na Escola.
Creio que seja muito importante já de início separar as diferenças entre a Psicopedagogia e a Psicologia Escolar, que segundo o item 7 do faq no site da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP):

Podemos diferenciar a Psicopedagogia da Psicologia Escolar de três formas:
1. Diferença quanto à origem histórica:
A Psicologia Escolar surgiu para explicar o fracasso escolar, enquanto a
Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado ao trabalho com aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos.
2. Diferença quanto à formação: A Psicologia Escolar é uma especialização do curso de graduação em Psicologia, enquanto o curso de Psicopedagogia é um curso de especialização, que recebe graduados em diversos cursos.
3. Diferença em relação ao campo de atuação: Talvez esta seja a diferença mais significativa. O trabalho da Psicologia Escolar se realiza nos limites da Psicologia, enquanto o trabalho Psicopedagógico se realiza na interface da Psicologia e da Pedagogia ou, mais recentemente, na interface da Psicanálise e da Pedagogia. Neste último caso, busca entender e intervir no processo de ensino e aprendizagem, levando em conta o inconsciente e a relação transferencial. (http://www.abpp.com.br/faq_oquee.htm#9)

O terceiro item dessa citação deixa clara a grande importância do Psicopedagogo na Instituição Escolar, pois determina que o Psicopedagogo entende e intervém no processo de ensino e aprendizagem, baseado tanto em conhecimentos Pedagógicos como Psicológicos dos processos cognitivos, físicos, emocionais e relacionais do ser aprendente.
Dessa forma é necessário termos em mente que a atuação de Psicopedagogo se dá na dificuldade, ou seja, antes do fracasso escolar, e que se a dificuldade existe é porque algo está em desequilíbrio e cabe a esse profissional diagnosticar onde está esse desequilíbrio, através de observações, questionários, anamneses, investigações sobre e com a família dessa criança, verificar o método de ensino aplicado, reunindo-se com a equipe escolar e principalmente com os educadores desse aluno.
A realidade do aluno é um fator muito importante no desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e motor, conhecer essa realidade é a base para que o trabalho do Psicopedagogo se desenvolva a contento.
De acordo com a teoria sócio-interacionista de Lev Vigotsky o ser humano se desenvolve e constitui-se de acordo com o outro (LA TAILLE, 1992, p.24), se refletirmos de forma pontual o primeiro contato social da criança é a sua família, não importando o seu tamanho e formato.
O próximo contato social diário da criança é a escola, nesse espaço a criança terá orientadores, educadores, colegas e amigos, há um contexto social muito forte.
Essa família e essa escola são a realidade desse aluno, e tanto a família quanto a escola precisam ter o entendimento de qual o papel que desempenham na vida desse ser humano. O viver diariamente numa determinada realidade muitas vezes nos exime da compreensão de nossos atos, da nossa rotina e principalmente das consequências que são geradas, tanto positivas quanto negativas.
Outro aspecto que é necessário trabalhar com cuidado e até suavidade é o como transmitir para a família as dificuldades do filho, de onde são provenientes e como lidar com as mesmas, pois esse primeiro contato irá ditar o tom para o bom desenvolvimento dessa criança na busca do seu progresso na aprendizagem.
O processo de ensino-aprendizagem é tão cheio de minúcias e detalhes, que em muitas vezes o problema passa sem ser notado pelo profissional educador e equipe técnica, sendo nesse contexto que o Psicopedagogo Escolar tem a sua atuação marcada pela observação atenta e criticidade, apoiado em teorias da aprendizagem, pesquisas e entendimento do processo tanto motor, quanto psicológico e cognitivo do ser.
Conforme os relatos da pesquisa encontrados no texto: A Atuação do Psicopedagogo em Instituições de Ensino: Relato de Experiência, Valinhos, 2004, a quantidade de crianças e adolescentes que apresentam dificuldades é grande e isso por si só mostra a necessidade da atuação do Psicopedagogo na Instituição Escolar. Quando o projeto passou a atuar, foi percebido que as queixas de aprendizagem aumentavam a cada ano, mas que a maioria dos alunos atendidos possuía bom nível cognitivo, de atenção e concentração e não possuía problemas de aprendizagem, deixando claro que em certos casos a escola não consegue resolver os problemas e dificuldades, sendo necessária a atuação de um profissional competente e especializado, que nesse caso o Psicopedagogo preenche os requisitos necessários.
De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999), já faz um tempo que educadores e psicólogos perceberam que a aprendizagem da leitura e da escrita não poderia se reduzir a um conjunto de técnicas percepto-motoras, não basta que as estruturas cognitivas, emocionais, motoras e perceptivas estejam funcionando plenamente é necessário uma atuação diferenciada do educador frente aos conteúdos a serem transmitidos para seu aluno. É necessário ir além do traçado, e da forma como a educação se estabeleceu até então.
Os métodos estabelecidos através da teoria de Jean Piaget em sua grande maioria visam criar muito mais do que seres capazes de ler e escrever, mas sim seres capazes de viver o processo de aprendizagem de forma a ter envolvimento com o aprender, por consequência abastecendo esse ser de saber com significado para a sua atuação no mundo e apto a trilhar seu próprio caminho, construindo e reconstruindo esse saber.
Outro ponto importante e na maioria das vezes pouco textualizado, difundido e discutido é o movimento humano, de acordo com Wallon:
               
O movimento começa desde a vida fetal. Na ontogênese, com efeito, as funções vão se esboçando com o desenvolvimento dos tecidos e dos órgãos correspondentes, antes de poderem se justificar pelo uso. É por volta do 4º mês de gravidez que os primeiros deslocamentos ativos da criança são percebidos pela mãe. (Tradução BERLINER, Claudia, 2007).

Podemos dizer que o ser humano é um ser ativo, partindo a princípio de seu princípio físico e motor, logo esse princípio deveria ser amplamente trabalhado no âmbito escolar, não como educação do corpo, como a educação física feita a parte, tratando o ser humano em partes: corpo, mente e emoção, mas numa formação global, onde o ser é visto em sua totalidade e é trabalhado para a aquisição de conhecimento, dessa mesma forma.
A criança necessita de liberdade de movimento para expressar-se e adquirir entendimento do mundo que a rodeia, mas desde muito nova a criança é posta em cadeiras, atrás de mesas para escrever letras copiar palavras, pintar desenhos, para ajuda-la a criar um traçado bom o suficiente para o desenvolvimento da escrita.
Faz-se necessidade urgente que a escola se aproprie do processo cognitivo-motor da criança, envolvendo-a como um todo e traduzindo a sua linguagem corporal para o desenvolvimento do seu aprender.
O texto estudado, as autoras comentam que “O mundo da escola da educação básica teria de ser transformado em significado para a criança”.
Para mim essa frase tem um significado direcionado a um processo de mudança na educação escolar como um todo, onde as técnicas utilizadas hoje tornar-se-iam obsoletas, pois criança para aprender deve usar todo o seu corpo, sua emoção, criatividade, fantasia, percepção, conhecimento de mundo, e o entusiasmo pelo novo, pela descoberta.
As salas de aulas seriam modificadas de tal forma onde o estranho seriam ver crianças sentadas. Com certeza aprenderiam matemática de forma mais significativa se elas próprias tomassem o lugar dos números e ativamente contassem, somassem e subtraíssem, em cálculos ativos em jogos de movimentação. O quão significativo não seria, se cada criança fosse um planeta que compõe o nosso sistema solar, se movimentando de forma a transladar e compreender o espaço? Isso não seria um colírio para os nossos olhos e refresco para nossas mentes?
O aprendizado humano é muito mais que só corpo, só mente, só emoção, só socialização, somos seres complexos dentro de uma esfera onde vários cientistas, estudiosos e pesquisadores, buscam explicar e definir em partes o que faz parte do todo.

CONSIDERAÇÕES

Após o conteúdo apreendido em aula, os conceitos obtidos em leituras através de pesquisas pessoais, o entendimento dos artigos indicados para a realização deste trabalho e a compreensão pessoal por experiência tanto social, quanto de cognição me leva a crer que o ser humano vem sendo estudado e analisado das mais diversas formas, onde cada grande teórico e pesquisador das mais diversas áreas envolve-se com um aspecto humano:
·     Anatômico;
·     Fisiológico;
·     Motor;
·     Psiquismo;
·     Cognição;
·     Percepção;
·     Social;
·     Geográfico;
·     Histórico;
·     Político;
·     Espiritual.

E isso me leva a crer que cada um estuda, compreende e passa a frente um aspecto maravilhoso do ser humano, e que ao estudarmos e compreendermos cada aspecto, também percebemos a verdade naquele conteúdo, e isso vai acontecendo em cada aspecto citado acima.
Vejo que se faz o momento de mudar a nossa visão, hora de parar de fatiar o ser humano e passar a somar todas as contribuições criando um ser globalizado na estrutura humano, mas único em sua individualidade, o que me diz que ainda necessita de um olhar específico para a resolução de conflitos pessoais e internos, os aspectos podem ser genéricos em espécie, mas o funcionamento é único e individual.
  
BIBLIOGRAFIA


  • COLELLO, Silvia M. Gasparian; Alfabetização e Motricidade: Revendo essa Antiga Parceria.
  • FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana; Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999, reimpressão: 2007.
  • LA TAILLE, Yves; OLIVERIA, Marta Koll de; DANTAS, Heloysa, Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão. São Paulo: Summus, 1992.
  • OSTI, Andreia, JÚLIO, Ana Angélica, TORREZIN, Ana Lúcia Juliato; SILVEIRA, Cristina de Andrade Ferreiro. Pesquisa: A Atuação do Psicopedagogo em Instituições de Ensino: Relato de Experiência.
  • SOARES, Matheus e SENA, Clério Cezar Batista; A contribuição do Psicopedagogo no Contexto Escolar.
  • WALLON, Henri; A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.




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