Simone
Simões da Silva
O
PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA
São
Paulo
2012
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o
objetivo de posicionar o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar, bem
como mostrar o quão representativo é seu trabalho na comunidade educacional.
Analisar a proposta do
psicopedagogo enquanto profissional capaz de se envolver tanto no saber
pedagógico quanto no psicológico, fazendo uma ponte entre o que ocorre no plano
concreto da escola com o que tanto aluno, quanto professores e equipe escolar
precisam para um desenvolvimento pleno em prol da hegemonia do saber, em todos
os seus aspectos: físicos, mentais, psicológicos e sociais, buscando sempre o
melhor caminho para isso.
O psicopedagogo é o
profissional capaz de mediatizar o conhecimento teórico ao processo empírico da
educação para trazer a luz os conhecimentos e habilidades tanto de alunos que
apresentem problemas em seu aprendizado, como de profissionais, educadores e
famílias transpondo as barreiras da dificuldade, vivenciando o conhecimento da
melhor forma possível em cada caso.
A psicopedagogia
caminha para o reconhecimento da profissão, comprovando através de seu trabalho
tanto de pesquisa quanto na atuação prática e efetiva junto às escolas e
alunos, demonstrando sua grande importância tanto na recuperação quanto na
prevenção de perturbações no processo de ensino-aprendizagem.
DESENVOLVIMENTO
Após leitura reflexiva
dos artigos: A contribuição do Psicopedagogo no Contexto Escolar, de SOARES,
Matheus e SENA, Clério Cezar Batista; Alfabetização e Motricidade: Revendo essa
Antiga Parceria, de COLELLO, Silvia M. Gasparian; e da pesquisa: A Atuação do
Psicopedagogo em Instituições de Ensino: Relato de Experiência, de OSTI,
Andreia, JÚLIO, Ana Angélica, TORREZIN, Ana Lúcia Juliato; SILVEIRA, Cristina
de Andrade Ferreiro; juntamente com o conhecimento obtido durante as aulas das
disciplinas de: Introdução a Psicopedagogia; Teorias da Aprendizagem e
Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, bem como apoiada em leituras
sobre o desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e físico do ser humano,
deixo minha contribuição a respeito da Atuação do Psicopedagogo na Escola.
Creio que seja muito
importante já de início separar as diferenças entre a Psicopedagogia e a
Psicologia Escolar, que segundo o item 7 do faq no site da Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPP):
Podemos diferenciar a
Psicopedagogia da Psicologia Escolar de três formas:
1. Diferença quanto à origem histórica:
1. Diferença quanto à origem histórica:
A Psicologia Escolar
surgiu para explicar o fracasso escolar, enquanto a
Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado ao trabalho com aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos.
Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado ao trabalho com aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos.
2. Diferença quanto à
formação: A Psicologia Escolar é uma especialização do curso de graduação em
Psicologia, enquanto o curso de Psicopedagogia é um curso de especialização,
que recebe graduados em diversos cursos.
3. Diferença em relação
ao campo de atuação: Talvez esta seja a diferença mais significativa. O
trabalho da Psicologia Escolar se realiza nos limites da Psicologia, enquanto o
trabalho Psicopedagógico se realiza na interface da Psicologia e da Pedagogia
ou, mais recentemente, na interface da Psicanálise e da Pedagogia. Neste último
caso, busca entender e intervir no processo de ensino e aprendizagem, levando
em conta o inconsciente e a relação transferencial. (http://www.abpp.com.br/faq_oquee.htm#9)
O terceiro item dessa
citação deixa clara a grande importância do Psicopedagogo na Instituição
Escolar, pois determina que o Psicopedagogo entende e intervém no processo de
ensino e aprendizagem, baseado tanto em conhecimentos Pedagógicos como
Psicológicos dos processos cognitivos, físicos, emocionais e relacionais do ser
aprendente.
Dessa forma é
necessário termos em mente que a atuação de Psicopedagogo se dá na dificuldade,
ou seja, antes do fracasso escolar, e que se a dificuldade existe é porque algo
está em desequilíbrio e cabe a esse profissional diagnosticar onde está esse
desequilíbrio, através de observações, questionários, anamneses, investigações
sobre e com a família dessa criança, verificar o método de ensino aplicado,
reunindo-se com a equipe escolar e principalmente com os educadores desse
aluno.
A realidade do aluno é
um fator muito importante no desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e
motor, conhecer essa realidade é a base para que o trabalho do Psicopedagogo se
desenvolva a contento.
De acordo com a teoria
sócio-interacionista de Lev Vigotsky o ser humano se desenvolve e constitui-se
de acordo com o outro (LA TAILLE, 1992, p.24), se refletirmos de forma pontual
o primeiro contato social da criança é a sua família, não importando o seu
tamanho e formato.
O próximo contato
social diário da criança é a escola, nesse espaço a criança terá orientadores,
educadores, colegas e amigos, há um contexto social muito forte.
Essa família e essa
escola são a realidade desse aluno, e tanto a família quanto a escola precisam
ter o entendimento de qual o papel que desempenham na vida desse ser humano. O
viver diariamente numa determinada realidade muitas vezes nos exime da compreensão
de nossos atos, da nossa rotina e principalmente das consequências que são
geradas, tanto positivas quanto negativas.
Outro aspecto que é
necessário trabalhar com cuidado e até suavidade é o como transmitir para a
família as dificuldades do filho, de onde são provenientes e como lidar com as
mesmas, pois esse primeiro contato irá ditar o tom para o bom desenvolvimento
dessa criança na busca do seu progresso na aprendizagem.
O processo de
ensino-aprendizagem é tão cheio de minúcias e detalhes, que em muitas vezes o
problema passa sem ser notado pelo profissional educador e equipe técnica,
sendo nesse contexto que o Psicopedagogo Escolar tem a sua atuação marcada pela
observação atenta e criticidade, apoiado em teorias da aprendizagem, pesquisas
e entendimento do processo tanto motor, quanto psicológico e cognitivo do ser.
Conforme os relatos da
pesquisa encontrados no texto: A Atuação do Psicopedagogo em Instituições de
Ensino: Relato de Experiência, Valinhos, 2004, a quantidade de crianças e
adolescentes que apresentam dificuldades é grande e isso por si só mostra a
necessidade da atuação do Psicopedagogo na Instituição Escolar. Quando o
projeto passou a atuar, foi percebido que as queixas de aprendizagem aumentavam
a cada ano, mas que a maioria dos alunos atendidos possuía bom nível cognitivo,
de atenção e concentração e não possuía problemas de aprendizagem, deixando
claro que em certos casos a escola não consegue resolver os problemas e
dificuldades, sendo necessária a atuação de um profissional competente e
especializado, que nesse caso o Psicopedagogo preenche os requisitos
necessários.
De acordo com Ferreiro
e Teberosky (1999), já faz um tempo que educadores e psicólogos perceberam que
a aprendizagem da leitura e da escrita não poderia se reduzir a um conjunto de
técnicas percepto-motoras, não basta que as estruturas cognitivas, emocionais,
motoras e perceptivas estejam funcionando plenamente é necessário uma atuação
diferenciada do educador frente aos conteúdos a serem transmitidos para seu
aluno. É necessário ir além do traçado, e da forma como a educação se
estabeleceu até então.
Os métodos
estabelecidos através da teoria de Jean Piaget em sua grande maioria visam
criar muito mais do que seres capazes de ler e escrever, mas sim seres capazes
de viver o processo de aprendizagem de forma a ter envolvimento com o aprender,
por consequência abastecendo esse ser de saber com significado para a sua
atuação no mundo e apto a trilhar seu próprio caminho, construindo e
reconstruindo esse saber.
Outro ponto importante
e na maioria das vezes pouco textualizado, difundido e discutido é o movimento
humano, de acordo com Wallon:
O
movimento começa desde a vida fetal. Na ontogênese, com efeito, as funções vão
se esboçando com o desenvolvimento dos tecidos e dos órgãos correspondentes,
antes de poderem se justificar pelo uso. É por volta do 4º mês de gravidez que
os primeiros deslocamentos ativos da criança são percebidos pela mãe. (Tradução
BERLINER, Claudia, 2007).
Podemos dizer que o ser
humano é um ser ativo, partindo a princípio de seu princípio físico e motor,
logo esse princípio deveria ser amplamente trabalhado no âmbito escolar, não
como educação do corpo, como a educação física feita a parte, tratando o ser
humano em partes: corpo, mente e emoção, mas numa formação global, onde o ser é
visto em sua totalidade e é trabalhado para a aquisição de conhecimento, dessa
mesma forma.
A criança necessita de
liberdade de movimento para expressar-se e adquirir entendimento do mundo que a
rodeia, mas desde muito nova a criança é posta em cadeiras, atrás de mesas para
escrever letras copiar palavras, pintar desenhos, para ajuda-la a criar um
traçado bom o suficiente para o desenvolvimento da escrita.
Faz-se necessidade
urgente que a escola se aproprie do processo cognitivo-motor da criança,
envolvendo-a como um todo e traduzindo a sua linguagem corporal para o
desenvolvimento do seu aprender.
O texto estudado, as
autoras comentam que “O mundo da escola
da educação básica teria de ser transformado em significado para a criança”.
Para mim essa frase tem
um significado direcionado a um processo de mudança na educação escolar como um
todo, onde as técnicas utilizadas hoje tornar-se-iam obsoletas, pois criança
para aprender deve usar todo o seu corpo, sua emoção, criatividade, fantasia,
percepção, conhecimento de mundo, e o entusiasmo pelo novo, pela descoberta.
As salas de aulas
seriam modificadas de tal forma onde o estranho seriam ver crianças sentadas.
Com certeza aprenderiam matemática de forma mais significativa se elas próprias
tomassem o lugar dos números e ativamente contassem, somassem e subtraíssem, em
cálculos ativos em jogos de movimentação. O quão significativo não seria, se
cada criança fosse um planeta que compõe o nosso sistema solar, se movimentando
de forma a transladar e compreender o espaço? Isso não seria um colírio para os
nossos olhos e refresco para nossas mentes?
O aprendizado humano é
muito mais que só corpo, só mente, só emoção, só socialização, somos seres
complexos dentro de uma esfera onde vários cientistas, estudiosos e
pesquisadores, buscam explicar e definir em partes o que faz parte do todo.
CONSIDERAÇÕES
Após o conteúdo
apreendido em aula, os conceitos obtidos em leituras através de pesquisas
pessoais, o entendimento dos artigos indicados para a realização deste trabalho
e a compreensão pessoal por experiência tanto social, quanto de cognição me
leva a crer que o ser humano vem sendo estudado e analisado das mais diversas
formas, onde cada grande teórico e pesquisador das mais diversas áreas
envolve-se com um aspecto humano:
· Anatômico;
· Fisiológico;
· Motor;
· Psiquismo;
· Cognição;
· Percepção;
· Social;
· Geográfico;
· Histórico;
· Político;
· Espiritual.
E isso me leva a crer
que cada um estuda, compreende e passa a frente um aspecto maravilhoso do ser
humano, e que ao estudarmos e compreendermos cada aspecto, também percebemos a
verdade naquele conteúdo, e isso vai acontecendo em cada aspecto citado acima.
Vejo que se faz o
momento de mudar a nossa visão, hora de parar de fatiar o ser humano e passar a
somar todas as contribuições criando um ser globalizado na estrutura humano,
mas único em sua individualidade, o que me diz que ainda necessita de um olhar específico
para a resolução de conflitos pessoais e internos, os aspectos podem ser
genéricos em espécie, mas o funcionamento é único e individual.
BIBLIOGRAFIA
- COLELLO,
Silvia M. Gasparian; Alfabetização e Motricidade: Revendo essa Antiga
Parceria.
- FERREIRO,
Emilia; TEBEROSKY, Ana; Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:
Artmed, 1999, reimpressão: 2007.
- LA TAILLE,
Yves; OLIVERIA, Marta Koll de; DANTAS, Heloysa, Piaget, Vygotsky, Wallon:
Teorias Psicogenéticas em Discussão. São Paulo: Summus, 1992.
- OSTI,
Andreia, JÚLIO, Ana Angélica, TORREZIN, Ana Lúcia Juliato; SILVEIRA,
Cristina de Andrade Ferreiro. Pesquisa: A Atuação do Psicopedagogo em
Instituições de Ensino: Relato de Experiência.
- SOARES,
Matheus e SENA, Clério Cezar Batista; A contribuição do Psicopedagogo no
Contexto Escolar.
- WALLON,
Henri; A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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