sábado, 7 de setembro de 2013

Reflexão sobre a Atuação do Psicopedagogo na Escola Frente a Aprendizagem

SIMONE SIMÕES DA SILVA


REFLEXÃO SOBRE A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA FRENTE A APRENDIZAGEM



ANHANGUERA PÓS-GRADUAÇÃO
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
DEZEMBRO 2012

INTRODUÇÃO

Cabe neste momento introdutório esclarecer acerca da Psicopedagogia Institucional, suas vertentes, campos e modos de atuação.
Para Fagali e Vale (2011a) a Psicopedagogia surgiu como uma necessidade de compreender os problemas de aprendizagem, que por sua vez se relacionam com os desenvolvimentos cognitivo, psicomotor e afetivo. Afirmam ainda que atualmente esse contexto foi ampliado para a psicopedagogia terapêutica e a psicopedagogia preventiva.
Fagali e Vale (2011b) deixam claro que a Psicopedagogia terapêutica era utilizada mais em consultórios dentro da Psicopedagogia Clínica, sendo este atendimento normalmente individual, e propõe que a terapêutica atualmente também pode ser utilizada em âmbito escolar dando novo sentido a recuperação, e tem como principal objetivo reintegrar e readaptar o aluno ao cotidiano da sala de aula. A outra forma de atuação na Instituição Escolar se dá por meio de apoio e assessoria a pedagogos, orientadores, coordenadores e professores, trabalhando as relações professor-aluno, bem como os procedimentos pedagógicos utilizados no processo da construção do conhecimento.
Nosso interesse com este trabalho se debruça na atuação Psicopedagógica Escolar que consiste em compreender o processo educacional interdisciplinarmente observando e elaborando estratégias para que os alunos construam competências e habilidades modelando o sujeito para atuar numa sociedade mais humana e mais ética, de acordo com Damiani (2012a).
O trabalho do Psicopedagogo Institucional é de extrema importância para devolver aos alunos com dificuldades de aprendizagem, a autoestima e posicioná-los em sala de aula de forma a serem respeitados e olhados com olhos atentos por quem os educa, bem como na intervenção pedagógica antecipando-se a possíveis problemas, de forma preventiva, apoiando-se nas teorias e conhecimentos epistemológicos e cognitivos.
Damiani (2012b) reflete que para chegar à função do Psicopedagogo Institucional deve-se refletir sobre a importância da aprendizagem humana e suas ligações com emoção, memória e cognitivo.
Dessa forma esclarecemos que o Psicopedagogo Institucional está apto a oferecer melhores condições de aprendizado ao sujeito cognoscente no ambiente escolar, bem como está apto a intervir pedagogicamente para a prevenção de problemas.

DESENVOLVIMENTO

Para Martins (2010), o professor, quando recorre ao Psicopedagogo é porque está com problemas e necessita de ajuda, sendo este o profissional apto a reconhecer, compreender e atender as especificações necessárias para a recuperação daquele aluno.
É importante salientar que o Psicopedagogo Institucional trabalha com a Aprendizagem, ou seja, que todo e qualquer aluno está na escola com a mesma finalidade social e de cognição, dessa forma não importa o obstáculo existente é dever psicopedagógico voltar atenções as formas e possíveis entradas para esse aprendizado.
Girotto 2012 apud Capretz, diz que o processo de aprendizagem depende de uma interação intersubjetiva entre os sujeitos e tem o diálogo como ponto central. Rotta 2006 apud Capretz, esclarece que um cérebro com estrutura normal, com condições funcionais e neuroquímicas corretas e com um elenco genético adequado, não significa 100% de garantia de aprendizado normal.
Apoiando-se nessa afirmação percebemos que existem outros fatores que são determinantes para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra a contento. O ser humano é biológico (corpo/funcionamento), cerebral (mente/pensamentos), psicológico (emoções/sentimentos) e social (espaço físico e influências de pessoas), e necessita dessas partes articulando-se em harmonia para se desenvolver em sua plenitude.
Quando um desses aspectos se encontra em desequilíbrio pode ocorrer comprometimento no aprendizado do indivíduo, sendo esse um dos pontos do desafio para a observação e atuação do Psicopedagogo.
Para tanto se faz necessário a avaliação Psicopedagógica que de acordo com Gonçalves (2012a) é necessário que se pesquise o que de fato o aluno aprendeu, como articula esses conhecimentos entre si e como faz uso desses conhecimentos tanto na escola como fora dela.
Vilana (2008a) afirma que as avaliações psicopedagógicas podem ser feitas de diversas maneiras, mas que é imprescindível o contato com o aluno, vê-lo fisicamente, perceber seu estado de ânimo, sua forma de se relacionar, comunicar e de se posicionar, seus interesses, desejos e queixas; esse diálogo com o aluno é tão importante que sem ele teríamos um vazio importante no caso.
Continuando com Vilana (2008b), esse diálogo nos permite ver além do que se está falando, pois há o fator implícito nas atitudes e na atuação.

Segundo Gonçalves (2012b), o Psicopedagogo deve ser comprometido com o ato avaliativo, ora pelas interpretações do que vê, ora por não buscar ver. Completando a intenção avaliativa cita Porto (2011, p.24) dizendo que o diagnóstico psicopedagógico é composto de vários momentos que tomam dimensões diferentes conforme a necessidade de cada caso, sendo assim há momentos de anamnese só com os pais, de compreensão das relações familiares, de avaliação da produção pedagógica e de vínculos com objetos de aprendizagem escolar.
Para Bossa em entrevista no vídeo Diagnóstico Psicopedagógico é muito importante que o primeiro contato seja feito primeiro com o aluno, depois com os pais e por último com os professores e escola. Com o aluno para senti-lo e conhece-lo antes de ouvir outras pessoas, seguido dos pais para saber se há ressalvas do que apresentar a escola futuramente, ouvindo também as características que os pais veem no filho e por último colhendo a impressão e queixa da escola.
De acordo com Gonçalves (2012c) a EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem) é um instrumento simples, mas rico em resultados.
Bossa (DVD) apresenta a EOCA como fonte de riqueza avaliativa e que deve ser muito bem observada e pontuada para que se analisem todos os aspectos que a criança está entregando naquele momento.
Sobre a EOCA:
As propostas a serem feitas na E.O.C.A, assim como o material a ser usado, vão variar de acordo com a idade e a escolaridade do paciente. O material comumente usado para criança é composto numa caixa aonde o paciente encontrará vários objetos, sendo alguns deles relacionados à aprendizagem, tais como, cola, tesoura, papel sulfite branco e colorido, papel crepom e seda, coleção, cola colorida, livros de leituras, revistas para recorte e colagem e diversos outros materiais. (Michelle).

Para Gonçalves (2012d) deve-se observar e registrar a postura da criança, como se senta, quais materiais evita e quais prefere, se termina o que começou, se quer mexer em tudo ou em pouca coisa, se é organizada ou não. É importante pedir que mostre o que sabe fazer com o que pegou na caixa ou na mesa.
Com a EOCA é possível observar a modalidade de aprendizagem que pode ser hipoassimilativa, hiperassimilativa, hipoacomodativa e hiperacomodativa. Isso nos mostra a importância da aprendizagem no trabalho psicopedagógico.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho trouxe à luz a importância do trabalho Psicopedagógico Institucional para a aprendizagem escolar.
Esclarecendo quem é o Psicopedagogo Institucional, suas atuações e seu principal objeto de estudo e trabalho: o sujeito cognoscente e a tradução da aprendizagem nesse sujeito. Seus métodos avaliativos e suas perspectivas, bem como sua percepção e observação que traduzem o subjetivo do sujeito avaliado para o concreto em ações muitas vezes simples, mas efetivas do dia a dia escolar.
A base da Psicopedagogia e seu objeto de estudo e trabalho foram aqui discutidos e salienta-se que há muito mais por trás do diagnóstico e da ação psicopedagógica que não foi discutida aqui, mas que é de suma importância para o bom desenvolvimento tanto da avaliação como da ação e intervenção do Psicopedagogo.
É positivo destacar que o trabalho Psicopedagógico integra questões afetivas, intelectivas e sociais, buscando encontrar um sujeito ativo, consciente e inteiro.


BIBLIOGRAFIA

BOSSA, Nadia A. DVD Diagnóstico Psicopedagógico – Coleção Psicopedagogia. Atta Mídia e Educação.
CAPRETZ, Nancy. Problemas e Distúrbios da Aprendizagem. Departamento de Pós-Graduação e Extensão. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2012. Disponível em: <http://anhanguera.com>. Acesso em: 18 dez. 2012.
DAMIANI, Anna Maria Nascimento. Psicopedagogia Institucional, p. 1- 39, 2012. Disponível em: <www.anhanguera.edu.br/cead>. Acesso em: 18 dez. 2012.
FAGALI, Eloisa Quadros; VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional Aplicada: A aprendizagem Escolar Dinâmica e Construção na sala de aula. 11ª Petrópolis/rj: Vozes, 2011.
GONÇALVES; Ana Paula Menossi - Avaliação e Intervenção Psicopedagógica Institucional - Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2012. Disponível em: <www.anhanguera.com>. Acesso em: 19 dez. 2012.
MARTINS, Lilian da Silva Rocha. Era uma vez Maria... Um Estudo de Caso – Descobrindo Caminhos para a Modificabilidade. 2010.
MICHELLI, Ana. Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA < http://psicopedagogiaeducacao.blogspot.com.br/2009/09/entrevista-operativa-centrada-na.html> Acessado em 19/12/2012.
SÁNCHEZ-CANO, Manuel; BONALS, Joan e Cols. Avaliação Psicopedagógica. Reimpressão 2010. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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