SIMONE SIMÕES DA SILVA
REFLEXÃO SOBRE A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA
FRENTE A APRENDIZAGEM
ANHANGUERA PÓS-GRADUAÇÃO
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
DEZEMBRO 2012
INTRODUÇÃO
Cabe neste momento
introdutório esclarecer acerca da Psicopedagogia Institucional, suas vertentes,
campos e modos de atuação.
Para Fagali e Vale (2011a) a
Psicopedagogia surgiu como uma necessidade de compreender os problemas de
aprendizagem, que por sua vez se relacionam com os desenvolvimentos cognitivo,
psicomotor e afetivo. Afirmam ainda que atualmente esse contexto foi ampliado
para a psicopedagogia terapêutica e a psicopedagogia preventiva.
Fagali e Vale (2011b) deixam
claro que a Psicopedagogia terapêutica era utilizada mais em consultórios
dentro da Psicopedagogia Clínica, sendo este atendimento normalmente
individual, e propõe que a terapêutica atualmente também pode ser utilizada em
âmbito escolar dando novo sentido a recuperação, e tem como principal objetivo
reintegrar e readaptar o aluno ao cotidiano da sala de aula. A outra forma de
atuação na Instituição Escolar se dá por meio de apoio e assessoria a
pedagogos, orientadores, coordenadores e professores, trabalhando as relações
professor-aluno, bem como os procedimentos pedagógicos utilizados no processo
da construção do conhecimento.
Nosso interesse com este
trabalho se debruça na atuação Psicopedagógica Escolar que consiste em
compreender o processo educacional interdisciplinarmente observando e
elaborando estratégias para que os alunos construam competências e habilidades
modelando o sujeito para atuar numa sociedade mais humana e mais ética, de
acordo com Damiani (2012a).
O trabalho do Psicopedagogo Institucional
é de extrema importância para devolver aos alunos com dificuldades de
aprendizagem, a autoestima e posicioná-los em sala de aula de forma a serem
respeitados e olhados com olhos atentos por quem os educa, bem como na
intervenção pedagógica antecipando-se a possíveis problemas, de forma
preventiva, apoiando-se nas teorias e conhecimentos epistemológicos e cognitivos.
Damiani (2012b) reflete que
para chegar à função do Psicopedagogo Institucional deve-se refletir sobre a
importância da aprendizagem humana e suas ligações com emoção, memória e
cognitivo.
Dessa forma esclarecemos que
o Psicopedagogo Institucional está apto a oferecer melhores condições de
aprendizado ao sujeito cognoscente no ambiente escolar, bem como está apto a
intervir pedagogicamente para a prevenção de problemas.
DESENVOLVIMENTO
Para Martins (2010), o
professor, quando recorre ao Psicopedagogo é porque está com problemas e
necessita de ajuda, sendo este o profissional apto a reconhecer, compreender e
atender as especificações necessárias para a recuperação daquele aluno.
É importante salientar que o
Psicopedagogo Institucional trabalha com a Aprendizagem, ou seja, que todo e
qualquer aluno está na escola com a mesma finalidade social e de cognição,
dessa forma não importa o obstáculo existente é dever psicopedagógico voltar
atenções as formas e possíveis entradas para esse aprendizado.
Girotto 2012 apud Capretz,
diz que o processo de aprendizagem depende de uma interação intersubjetiva
entre os sujeitos e tem o diálogo como ponto central. Rotta 2006 apud Capretz, esclarece
que um cérebro com estrutura normal, com condições funcionais e neuroquímicas
corretas e com um elenco genético adequado, não significa 100% de garantia de
aprendizado normal.
Apoiando-se nessa afirmação
percebemos que existem outros fatores que são determinantes para que o processo
de ensino-aprendizagem ocorra a contento. O ser humano é biológico (corpo/funcionamento),
cerebral (mente/pensamentos), psicológico (emoções/sentimentos) e social
(espaço físico e influências de pessoas), e necessita dessas partes articulando-se
em harmonia para se desenvolver em sua plenitude.
Quando um desses aspectos se
encontra em desequilíbrio pode ocorrer comprometimento no aprendizado do indivíduo,
sendo esse um dos pontos do desafio para a observação e atuação do
Psicopedagogo.
Para tanto se faz necessário
a avaliação Psicopedagógica que de acordo com Gonçalves (2012a) é necessário
que se pesquise o que de fato o aluno aprendeu, como articula esses
conhecimentos entre si e como faz uso desses conhecimentos tanto na escola como
fora dela.
Vilana (2008a) afirma que as
avaliações psicopedagógicas podem ser feitas de diversas maneiras, mas que é
imprescindível o contato com o aluno, vê-lo fisicamente, perceber seu estado de
ânimo, sua forma de se relacionar, comunicar e de se posicionar, seus
interesses, desejos e queixas; esse diálogo com o aluno é tão importante que sem
ele teríamos um vazio importante no caso.
Continuando com Vilana
(2008b), esse diálogo nos permite ver além do que se está falando, pois há o
fator implícito nas atitudes e na atuação.
Segundo Gonçalves (2012b), o
Psicopedagogo deve ser comprometido com o ato avaliativo, ora pelas
interpretações do que vê, ora por não buscar ver. Completando a intenção
avaliativa cita Porto (2011, p.24) dizendo que o diagnóstico psicopedagógico é
composto de vários momentos que tomam dimensões diferentes conforme a necessidade
de cada caso, sendo assim há momentos de anamnese só com os pais, de
compreensão das relações familiares, de avaliação da produção pedagógica e de
vínculos com objetos de aprendizagem escolar.
Para Bossa em entrevista no
vídeo Diagnóstico Psicopedagógico é muito importante que o primeiro contato
seja feito primeiro com o aluno, depois com os pais e por último com os
professores e escola. Com o aluno para senti-lo e conhece-lo antes de ouvir
outras pessoas, seguido dos pais para saber se há ressalvas do que apresentar a
escola futuramente, ouvindo também as características que os pais veem no filho
e por último colhendo a impressão e queixa da escola.
De acordo com Gonçalves
(2012c) a EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem) é um instrumento
simples, mas rico em resultados.
Bossa (DVD) apresenta a EOCA
como fonte de riqueza avaliativa e que deve ser muito bem observada e pontuada
para que se analisem todos os aspectos que a criança está entregando naquele
momento.
Sobre a EOCA:
As
propostas a serem feitas na E.O.C.A, assim como o material a ser usado, vão
variar de acordo com a idade e a escolaridade do paciente. O material comumente
usado para criança é composto numa caixa aonde o paciente encontrará vários
objetos, sendo alguns deles relacionados à aprendizagem, tais como, cola,
tesoura, papel sulfite branco e colorido, papel crepom e seda, coleção, cola
colorida, livros de leituras, revistas para recorte e colagem e diversos outros
materiais. (Michelle).
Para Gonçalves (2012d)
deve-se observar e registrar a postura da criança, como se senta, quais
materiais evita e quais prefere, se termina o que começou, se quer mexer em
tudo ou em pouca coisa, se é organizada ou não. É importante pedir que mostre o
que sabe fazer com o que pegou na caixa ou na mesa.
Com a EOCA é possível
observar a modalidade de aprendizagem que pode ser hipoassimilativa,
hiperassimilativa, hipoacomodativa e hiperacomodativa. Isso nos mostra a
importância da aprendizagem no trabalho psicopedagógico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho trouxe à luz a
importância do trabalho Psicopedagógico Institucional para a aprendizagem
escolar.
Esclarecendo quem é o
Psicopedagogo Institucional, suas atuações e seu principal objeto de estudo e
trabalho: o sujeito cognoscente e a tradução da aprendizagem nesse sujeito. Seus
métodos avaliativos e suas perspectivas, bem como sua percepção e observação
que traduzem o subjetivo do sujeito avaliado para o concreto em ações muitas
vezes simples, mas efetivas do dia a dia escolar.
A base da Psicopedagogia e
seu objeto de estudo e trabalho foram aqui discutidos e salienta-se que há
muito mais por trás do diagnóstico e da ação psicopedagógica que não foi
discutida aqui, mas que é de suma importância para o bom desenvolvimento tanto
da avaliação como da ação e intervenção do Psicopedagogo.
É positivo destacar que o
trabalho Psicopedagógico integra questões afetivas, intelectivas e sociais,
buscando encontrar um sujeito ativo, consciente e inteiro.
BIBLIOGRAFIA
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Coleção Psicopedagogia. Atta Mídia e Educação.
CAPRETZ,
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MARTINS, Lilian da Silva
Rocha. Era uma vez Maria... Um Estudo de
Caso – Descobrindo Caminhos para a Modificabilidade. 2010.
MICHELLI, Ana. Entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem – EOCA < http://psicopedagogiaeducacao.blogspot.com.br/2009/09/entrevista-operativa-centrada-na.html> Acessado em 19/12/2012.
SÁNCHEZ-CANO, Manuel;
BONALS, Joan e Cols. Avaliação
Psicopedagógica. Reimpressão 2010. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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