sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A Aprendizagem na Construção da Vida


Há alguns dias dei início a uma série de artigos focados no ser humano e seu desenvolvimento,  no primeiro falei sobre o que vinha a ser o ser humano pelo meu olhar, depois expliquei a jornada humana, ou seja, onde se dá o início de nossas vidas e ainda comparei com a linha histórica do ser humano desde o início do hominídeo até os dias atuais, o homo-sapiens-sapiens, dei prosseguimento com outra jornada, mas dessa vez algo mais mental, que é a jornada da aprendizagem, onde determinei minha visão sobre o início da aprendizagem humana e que ela se dá já dentro do útero enquanto feto, demonstrando que não somos vazios de informações e sentidos quando nascemos, e no artigo anterior falei sobre a aprendizagem na prática e como se dá a construção dessa aprendizagem, aliás construção é uma palavra muito utilizada por mim em todos os artigos e pra quem acompanha no YouTube também falada .

A Construção é algo que ocorre num fluxo diário e faz parte de tudo o que fazemos, temos e sentimos, nada em nosso mundo aconteceu do dia para a noite, sempre passo a passo em ritmo de construir a cada dia um bloquinho rumo ao que temos no aqui e agora, seja positivo ou negativo, e toda essa construção tem como resultado final aprendizagem de alguma coisa, seja, moral, emocional, física (uma casa por exemplo), biológica e anatomicamente (músculos ‘sarados’ ou uma doença), tudo ocorre passo a passo. Hoje mesmo, num atendimento fisioterápico um paciente de 74 anos não compreendia o porquê da sua condição atual, porque segundo ele não havia motivos para estar de repente com tanta dor, visto que nunca na vida dele havia passado por nenhum processo doloroso ou inflamatório.
Minha resposta se deu, dentre outras, com essas perguntas: - Durante os últimos 30 anos o Senhor se exercitou alguma vez? Pensou sua alimentação? Se preocupou em sentar corretamente enquanto trabalhava?

Todas as respostas foram negativas.

Sendo assim, disse eu, há uma colheita sendo feita, há pessoas que devido a uma série de fatores somado a uma construção positiva em seus corpos, ainda assim por uma série de questões hereditárias, neste mesmo momento estão colhendo algumas dores e problemas estruturais, o Senhor aparentemente teve uma ajuda hereditária e somente agora que seu corpo reclamou, mas isso não significa que estava tudo bem e que do nada os problemas começaram, simplesmente houve uma construção negativa e dolorosa, mas real.

Com esse exemplo, pretendo bater novamente numa mesma tecla e que tem tudo a ver com a educação e a forma como vemos o ser humano, precisamos de educação emocional (desde o berço), social, filosófica (reaprender a pensar e a questionar) biológica-corporal (muito mais que aulas de ciências e de educação física) e sobre vivência humana, como sobreviver no dia-a-dia, por exemplo aprendendo a cozinhar e a reparar alguns defeitos em nossas casas, pode parecer até um retrocesso, pois hoje temos acesso a técnicos, mas nem sempre é possível resolver rapidamente, e certas noções são necessárias, não estou falando de formação técnica, mas de formação básica para necessidades diárias.

Mas a principal de todas essas está condicionada a formação emocional e capacidade de compreensão do eu e do outro, de se perceber incluído numa família, comunidade, sociedade, cidade, estado, país, continente, planeta e universo, do qual fazemos parte e do qual não dá pra fugir, que por mais que acreditemos que fizemos tudo certo teremos que arcar com as consequências de nossos atos e crenças, pois podemos ser cegos na plantação, mas a natureza se encarrega de entregar uma colheita com visão perfeita.

E se depois dessa colheita não houver aprendizagem, como funciona? Um novo ciclo de plantação cega num terreno sem preparo se inicia e provavelmente num futuro já mais próximo um novo problema chegará, culminando numa piora, uma colheita em busca de aprendizagem.

Nossa vida é preparada para a aprendizagem, estamos aqui nitidamente para aprender enquanto nos desenvolvemos, para evoluir e propagar nossa existência na linha do tempo, mas precisamos mudar urgente nosso pensamento sobre o que e como ensinar, pois nossa consciência está um tanto entorpecida com o raciocínio lógico e fragmentado criado no decorrer do nosso mundo moderno.

Não adianta globalizar apenas o planeta, se o ser humano for fragmentado teremos uma sociedade fraca e sempre em busca de alguém para seguir e ninguém pra liderar.

Até a próxima J







segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Aprendizagem na Prática

Ao falar de aprendizagem na prática a primeira pessoa que me vem à cabeça quando penso nisso é Emilia Ferreiro, psicolinguista argentina, atualmente com 79 anos, foi aluna de Jean Piaget em seu doutorado na universidade de Genebra, onde aprendeu sobre sua teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento da criança, a epistemologia genética, seguiu a linha de pensamento de Piaget, apontando seus estudos para a área da língua escrita. 

Com certeza Ela foi a primeira pessoa que conseguiu desvendar a teoria da aprendizagem de Piaget e compreender o seu uso na prática. 
Juntamente com a espanhola Ana Teberosky em 1979 publicou a Psicogênese da Língua Escrita, conhecimento comprovado na prática desde 1974 na universidade de Buenos Aires.
Ferreiro deixa claro que os profissionais da educação continuam à espera de um método de ensino.

A meu ver, esse assunto é um mito, sendo totalmente desnecessário se armar de técnicas, pois a questão principal HOJE é traduzir essas teorias, ou seja, compreender a fundo o que cada uma delas significa na atuação do ser humano aprendente e utilizar esse conhecimento na prática, exatamente como fez Emilia, na prática, com cada aluno em particular, desmetodizando a escola.

Emilia percebeu que as crianças levantavam hipóteses sobre o que era a escrita e a leitura, sendo assim, a visão de Emilia Ferreiro sobre a construção da língua escrita é de que as crianças têm que reconstruí-la para poderem apropriar-se dela, ou seja, repensam aquilo que veem sendo empregado pela sociedade e de acordo com o entendimento de mundo que tem definem como utilizar, como empregar e por fim como escrever e ler.
Esse termo “construção” possui o mesmo peso conotativo de Piaget, ou seja, o real existe fora do sujeito, no entanto é preciso reconstruí-lo para conquista-lo.
Hoje temos o apoio da ciência contemporânea como a neurociência que comprova o que ocorre em nosso cérebro durante a aprendizagem, temos todas as respostas? Ainda não, mas estamos num caminho sem volta a elas.

De acordo com os neurocientistas Cosenza & Guerra (2001), é através do cérebro que tomamos consciência das informações que chegam pelos nossos sentidos e processamos essas informações comparando-as com nossas vivências e expectativas, sendo então a parte mais importante do nosso sistema nervoso.
Afirmam também que os professores podem facilitar o processo de aprendizagem, mas que a aprendizagem é um fenômeno individual e privado e vai obedecer às circunstâncias históricas de cada um de nós, sendo assim, todos nós temos uma unicidade, características únicas e peculiares para entender, compreender e aprender, temos impressões diferenciadas sobre o mesmo assunto, como podemos então aprender o mesmo conteúdo da mesma forma? Como podemos estabelecer que a maneira X é a correta para que todos na sala de aula apreendam?

Acredito, por análise própria e livre, que um dos grandes fatores a contribuir para que tenhamos nossas peculiaridades é nosso sistema emocional, creio que ele é o que chega a frente de cada estímulo que recebemos, dos estímulos que nos apropriamos, e através do que sentimos pautamos nosso entendimento.
Por esse motivo defendo que a educação está muito alheia as necessidades dos seres humanos da atualidade e que a formação tecnicista, digo aqui, a formação voltada ao profissional, ao ser que propaga a história da humanidade está fadada ao erro.

Precisamos de escolas que formem seres humanos capazes de desenvolver autoconhecimento, autopreservação, conhecimento do outro, do mundo ao seu redor, de uma ecologia humana, geográfica e planetária, e não estou levantando uma bandeira verde, mas algo muito maior que isso que é o comprometimento com o respeito em todas as suas formas.
Respeito não é apenas dizer Senhor e Senhora, nem ser educado com os mais velhos, respeito é um conceito tão amplo que mora nos detalhes.

O conhecimento generalizado e técnico está livre na internet e pode ser acessado a qualquer momento. O respeito a vida das espécies em geral, bem como a qualidade dessas vidas está deixando a desejar.
Educação emocional, educação humana global para uma era de globalização planetária é a resposta para um futuro digno.

Link para o Canal no YouTube - Pedagogia da Evolução -  Pedagogia na Prática 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Mais uma jornada: A Aprendizagem Humana

No artigo anterior, finalizei dando o meu parecer sobre o momento em que se inicia a aprendizagem, e isso se dá em nossa formação e desenvolvimento no ventre de nossas respectivas mães.
A princípio, temos uma integração através do sensorial (sentidos) como a percepção do claro e escuro, seguido de um momento mais emocional, e num próximo o social que se dá pelo reconhecimento das figuras materna, paterna e quem mais participar diariamente desse laço familiar e da gestação propriamente dita.
O bebê, desde a sua concepção está construindo um mundo de informações variadas em si mesmo, se apropriando de sua condição humana a cada fase.
Logo, temos um feto que capta, sente e reage a emoções, tem percepção e reação sensorial e que cria laços sociais através da convivência com os envolvidos na gravidez.
Como podemos acreditar que esse bebê está completamente vazio de informações?
Essa nova vida, já chega com a sua pequena carga de informações, de acordo com a sua vivência nas situações que foi exposta. A sua aprendizagem já se iniciou. A sua construção já está em processo. Ao nascer, essa aprendizagem passa a ser mais direta (não há mais barreira e não há conexão física com a mãe) e diariamente a cada sensação, sentimento, necessidade suprida ou negada, uma aprendizagem é construída, afeições, vozes, cheiros e cores, ou seja, estímulos em geral que são as portas para essa aprendizagem.
http://www.paredro.com/design-thinking-una-nueva-estrategia-para-resolver-problemas-con-creatividad/

A aprendizagem humana é construída passo a passo, sempre que um estímulo de qualidade faça diferença no cognitivo. Os acessos de inserção são o sensorial-cognitivo, emocional-cognitivo e social-cognitivo, divido dessa forma, pois percebo que todas essas portas que nos acessam precisam passar como forma de conhecimento para que sejam apreendidas e mantenham-se na memória do sistema límbico, que mais a frente será reproduzida de acordo com o entendimento de cada um em forma de ação.
A cada situação que passamos, a cada conteúdo que chega até nós, recebemos um estímulo e se for o estímulo correto para nós, vai adentrar em forma de aprendizado, sendo registrado por uma nova rede neuronal. E assim será por toda a nossa vida, a cada aprendizagem, de acordo com a nossa capacidade no momento e da qualidade do estímulo que chega.
Hoje sabemos de toda essa jornada, mas pouco fazemos a respeito desse conhecimento em nossa sociedade.
Nossa linha de conhecimento hoje está livre na rede (internet), encontramos verdadeiros cursos gratuitos online, em formato de áudio, vídeo e texto, qualquer coisa que quisermos aprender é possível encontrar, uma realidade muito diferente de 30 anos atrás, que para adquirir qualquer conhecimento era necessário matricular-se em algum curso/escola, conversar com alguém ou ir a uma biblioteca.
O mundo mudou muito, encurtaram-se as distâncias, a forma de interagir e de nos abastecer de conhecimento.
Se o mundo mudou tanto e sabemos tão mais porque a escola é a mesma? Porque as crianças precisam ficar sentadas e compartimentadas ainda? Se sabemos que nossas emoções são tão importantes a nós e que elas fazem a diferença nos relacionamentos e até na cidadania, porque não temos uma educação emocional? E o nosso corpo, as duas aulas semanais de educação física são suficientes para o nosso pleno desenvolvimento motor? E o nosso lado espiritual (não é religião!!!), como desenvolvê-lo?
Somos tão complexos, tão amplos e precisamos de tão mais do que nos ofereceram até agora, podemos ser muito mais se aprendermos a ser mais.
A educação precisa ver o ser humano por inteiro, não somos necessários apenas no raciocínio lógico, o mundo está se globalizando cada vez mais e já passou do momento de globalizar o ser humano, vê-lo por inteiro e trabalhar com esse todo.
Essa é a minha proposta, é por isso que estou aqui repassando minha construção.

;)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A jornada Humana

Esse é um assunto “dual”, naturalmente complexo e simples.
Desde o momento em que as células de mamãe e papai unem-se, damos início a nossa jornada física, neste momento, de maneira quase imperceptível, mas o início de tudo.
Essas células irão se dividir, para somar, a cada dia um pouco mais funcionais e mais próximo do que seremos um dia, quando a formação se completa o próximo passo é a maturação, onde tudo está formado, mas não está pronto para o funcionamento do lado de fora.

**Deixando claro que essa é uma versão bem resumida do que ocorre conosco, pois cada etapa recebe uma denominação e uma função bem específica, a ideia não é relatar os passos, mas sim a ideia de jornada.**

De acordo com a Psicologia os bebês quando no ventre da mãe sentem as mesmas emoções da mãe, seja de prazer, dor, alegria, rejeição. etc., pois há reação do bebê a essas emoções.

A medicina afirma que o feto no terceiro trimestre da gestação consegue ouvir, distinguir as vozes de cada falante, sons do meio ambiente como uma buzina por exemplo, percebe diferenças de luz, dorme, sonha, acorda, sorri, chora, suga os dedos, sente prazer ou aversão a essas experiências. Quase um treino para o que virá a fazer quando nascer, a natureza preparando o bebê para o seu nascimento.

Com essas informações, podemos afirmar que a nossa jornada começa bem antes do nascimento, e por isso mesmo acredito que ela se dá desde o início da concepção, visto que cada célula tem uma função e está dentro de um corpo dotado de emoção e cognição que por sua vez alimenta essa formação.

Gosto de comparar a trajetória humana da pré-história aos dias atuais ao ser humano desde a sua concepção até o ápice de sua vida, que é o momento da vida em que todos os sistemas estão em maior equilíbrio.
É como se carregássemos toda a linha do tempo da humanidade em nós mesmos: Saímos do rudimentar, das sensações para a razão. Gosto dessa ideia ;)

Hoje temos muita informação sobre como muita coisa funciona, mas ainda temos uma imensidão de coisas a descobrir, principalmente sobre nós, sobre nosso funcionamento como um todo, como cada sistema interfere na parte e no todo, e como nossa mente age sobre nosso corpo.

Apoiada na psicologia e em minhas experiências, posso dizer que nossas emoções podem alterar o funcionamento do nosso corpo, é possível que uma pessoa sinta dores físicas sem ter alguma disfunção física ocorrendo, mas alguma dor emocional profunda que a pessoa trás para o físico, é como se fosse uma tentativa de mostrar a si ao mundo o que está de errado com ela, ao trazer essa emoção tão guardada e tão enraizada para o corpo físico ficasse mais fácil de resolver.

Como Fisioterapeuta já vi paciente sem nenhuma lesão neurológica se tornar tetraplégico e ficar anos a fio acamado e retomar alguns movimentos após anos de terapia, encarando pouco a pouco a sua dor. Já tive caso de uma pessoa que a cada vez que sentia medo ou se sentia acuada por algum motivo tinha dores tão fortes pelo corpo que mal se aguentava em pé.
E também já vi pessoas com diagnóstico terminal se recuperar rapidamente, e nesse caso não foram uma ou duas pessoas foram várias, pessoas com lesões neurológicas severas se recompor e voltar a falar, andar e ter vida normal… A ciência não tem uma comprovação sobre isso, o que se tem são achados e observações que nos levam a afirmar que sim, a nossa mente  altera o funcionamento do nosso corpo, levando a uma alteração do rumo da nossa vida.

Explanei essas situações para chegar ao ponto de que a nossa jornada é marcada por tantas reações emocionais desde o ventre de nossa mãe que deveria ser impossível que a ciência e a educação ignorassem esse aspecto do ser humano, buscando princípios físicos em primeiro lugar e educando apenas o raciocínio lógico, estranho isso, muito estranho.
Mas a humanidade lida bem com aquilo que pode ver, saiu do radar dos olhos, o problema se esvai, há alguns dias assisti ao vídeo do Bruno Temer no YouTube (link abaixo) e ele explicou perfeitamente uma ideia que tenho a muito tempo sobre nosso dilema com o lixo, colocamos num saco e o coletor de cada cidade leva embora e pronto, pra nós assunto resolvido, mas não foi, em realidade não se joga nada fora, porque não há lá fora, está tudo aqui dentro, o planeta é a nossa casa, apenas tiramos da frente dos nossos olhos, e isso é o que ocorre com o emocional, não vemos nossos sentimentos e muito menos os sentimentos alheio, apenas sentimos as reações e por isso essa foi uma questão ignorada e ainda é em partes, precisamos de inúmeras testagens para comprovar o funcionamento das emoções humanas, e creio eu, assim vamos levar a eternidade, mas isso não vem ao caso agora.

Percebo que tudo o que passamos nessa jornada se traduz em aprendizagem, começa muito antes do nascimento, muito antes da escola, muito antes da explicação de um adulto, é bem instintiva, sensorial e social.

Quando um bebê chega a esse mundo, está completamente pronto para absorver tudo o que lhe for entregue, toda a positividade e negatividade do mundo ao redor, a sua família lhe será sua primeira sociedade, não importando o formato. É a partir dessas pessoas que esse ser humano terá as suas impressões de mundo, de sociedade, de interação humana, de sentimentos, a sua primeira escola é o seu lar.
Quando falamos que a família é muito importante, ela é muito mais do que se imagina.

A jornada humana é baseada em percepção, emoção, cognição, aprendizagem e o retorno dessa aprendizagem ao exterior, num contínuo ciclo. Colhe-se as informações por essas vias, trabalha-se uma conceituação e imprime-se esse conceito no mundo físico através da experimentação, ou seja, o seu retorno.

O próximo material será sobre esse conceito de aprendizagem.

Espero que tenham curtido, deixem comentários para aumentar nossos conceitos com trocas.

Abraços

Bruno Temer
https://www.youtube.com/watch?v=9XH-_2cJ9-k

Canal Pedagogia da Evolução - Jornada Humana
https://youtu.be/p-tRmd9b6Xo



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Ser Humano


Vou começar definindo minha visão de ser humano.

Antes de mais nada quero explicar que sou contra qualquer tipo de divisão quando se trata de humanidade e de vida. Sobre isso vamos falar mais a frente, pois é um assunto que dá pra falar só sobre ele.

Falei que não gosto da divisão, pois vivemos numa sociedade fragmentada que busca se reconectar através da globalidade, compreendo a necessidade da divisão, como forma de fatiar aquilo que precisamos observar, compreender e apreender para evoluir e continuar a nossa escala evolutiva.

O grande problema é que na grande maioria das vezes quem cria a divisão, quem fatia as situações “esquece” de juntar as partes e ver o todo através do conhecimento obtido pelas partes. Normalmente prega-se partes com teor universal.

Tá confuso?
Um pouco, eu sei, mas vou clarear...

Como escolhi falar sobre o ser humano, vou usar as divisões para esse contexto. 
É muito comum ver o ser humano ser fatiado em corpo, mente e Espírito, onde corpo: todo mundo tem um, meio óbvio isso. Mente: existe controvérsia na definição, algumas teorias definem como o entendimento do espírito e outros como a inteligência e capacidade intelectual; Espírito: com uma definição mais controversa ainda, segundo a Wikipédia a maioria das definições são relativas a uma substância não-corpórea em contraste com o corpo material.

Vou falar sobre como vejo cada um desses pontos.

Nosso corpo anatômico do ponto de vista biológico pertence a classe dos animais mamíferos. Tem um funcionamento magnífico, com sincronicidade e beleza ímpares. Se pararmos para ver apenas nosso corpo funcionando, através do corpo de outra pessoa, ou melhor ainda, de uma criança que está em transformação mais visível, é possível ver essa maravilha da natureza, onde cada pedacinho, cada célula tem uma função e não depende de nós para apertar nenhum botão, nem mesmo dizer ou pensar: Oh! Chegou o momento de minhas células pulmonares fazer trocas gasosas! Coração bombeie sangue!
Ufa! Seria o fim da humanidade.
E por esse e outros motivos que defino como pertencentes a natureza, assim como olhamos os animais e temos certeza de que pertencem a natureza, nosso corpo também o é.

A mente, para mim, seria um órgão virtual, a nossa nuvem, onde toda a festa acontece, mas diferente dos computadores ou smartphones da atualidade que operam no aparelho e armazenam na nuvem, o nosso sistema mental é o sistema de operação, é onde ocorrem os pensamentos,  sentimentos e insights e suas definições e finalizações são impressas no cérebro, órgão que se desenvolve e se molda de acordo com o que ocorre na mente, a mente seria o processador e o cérebro o arquivo de tudo o que já foi definido.

Como exemplo prático, vou citar alguém que precisa por algum motivo qualquer fazer uma cadeira, mas essa pessoa não tem ideia de como executar esse serviço, suas únicas noções são do para que serve uma cadeira e de sua necessidade em tê-la.
Essa pessoa vai sair em busca de informações sobre como construir uma cadeira, que material utilizar, onde comprar esse material, quais ferramentas utilizar, as medidas ideais, cores, formas e de quem ou onde irá aprender a executar o serviço, após reunir todas as informações teóricas essa pessoa precisará partir para a prática, experimentando tudo aquilo que foi formulado em sua mente, um registro único, e conforme vai experienciando poderá concordar ou não com suas ideias anteriores e irá construir um conhecimento real sobre o assunto, e este será impresso em forma de conceito, através da sinapses numa rede neurológica de informações em seu cérebro, e sempre que precisar dessa experiência esse conhecimento será acessado, ou seja, temos nesse exemplo uma aprendizagem efetiva.

O espírito: desde os primórdios que o ser humano se percebe diferente dos outros animais, e busca entender o seu mundo e a si próprio, tem uma curiosidade natural que nos impulsiona a seguir sempre em frente, melhorando a cada espaço de tempo, ora mais lento ora mais rápido.
Esse processo de busca do entendimento de quem somos e do que viemos fazer aqui ou de como chegamos aqui, levou a humanidade a cultuar o sol, a lua, as pedras, a temer absolutamente tudo o que não compreendemos, nos curvando e ritualizando inclusive através da morte como foram e ainda são em alguns lugares ermos dessa terra, os ritos de sacrifício.
Criamos muitas definições sobre o espírito no decorrer dos tempos sempre pautadas nas necessidades da época vivida e de termos uma explicação para as questões: de quem somos e para onde vamos.
Mas sabemos e sentimos que esse nosso lado nos anima, nos impulsiona, nos dá noções de moral e do outro.
E assim como a mente, o espírito também não pôde ser comprovado até o momento, e por isso vira tabu, separação através das religiões e dogmas ou da falta de crença e afastamento total da possibilidade de haver um espírito.

Vejo o nosso espírito como íntimo do nosso sistema mental e físico, tem um sistema próprio que registra tudo, mas principalmente o que é intenso para o corpo e para a mente, e devolve essas impressões tanto para o corpo como para a mente, seja em forma de pensamento contínuo ou obsessivo sobre algo ou em forma de uma doença por causa do que foi recebido de informação tanto pelo corpo ou pela mente, exemplo, um ato de agressão recebido, o susto, o medo, a dor, o sentimento de impotência são impressões recebidas pelo espírito que vai reagir e devolver de alguma forma, que pode ser positiva ou negativa, isso é algo particular de cada um.
É a nossa antena de captação.

Vejo o corpo, mente e espírito como se fossem três corpos distintos cada um com sua densidade e um dentro do outro, como aquelas bonequinhas holandesas, as matrioskas… É uma visão um tanto holística, mas que conforme outros assuntos forem surgindo vocês verão mais fundamento.

E para terminar, creio que seja o momento de unificar o ser humano em um ser completo que possui cada uma dessas partes mas que deve ser visto como um todo, pois só assim seremos a mudança tão necessária no mundo.

Somos seres complexos no funcionamento e simples na essência.

E você o que acha?
Concorda, discorda?
Deixa o seu comentário e vamos falar a respeito.

Abraços

Link pro YouTube:








sábado, 9 de julho de 2016

Somos únicos, completos e complexos


O Ser humano é de uma beleza inigualável, arrisco dizer que somos os seres mais belos da natureza, temos tamanha complexidade de funcionamento do estrutural ao emocional e espiritual, que não nos igualamos a nenhuma espécie do nosso planeta.
Estamos em constante evolução desde os primórdios, nessa evolução o que mais se altera na linha histórica do nosso tempo é a nossa capacidade de se reinventar e compreender, e principalmente nos últimos anos a necessidade de ver o outro em nós mesmos, melhorando o mundo através da tecnologia, medicina, comunicação, dentre outros aspectos.
Infelizmente não posso dizer que a educação (e escola), algo tão importante para sermos humanos, consta dessa lista de pontos evolutivos. Temos muita variação do mesmo tom, mas no geral é isso. Há quem diga que exagero, afinal quantos pensadores passaram pela educação e mudaram a forma de como olhávamos para as crianças e para a compreensão das mesmas.
Isso é verdade, mas atribuo essa evolução a ciência e não a escola (educação).
A escola (e  educação, que na maioria das vezes são sinônimos), tem um formato antigo, formado por pessoas que não compreendem as mudanças rápidas do tempo, normalmente vivendo em hierarquias de gestão lotadas de preocupação financeira e estrutural, com profissionais que aprenderam sobre inúmeras teorias que não fazem a menor ideia de como adequá-las a realidade em que vivem, e acabam entrando na rotina do conteúdo tão necessário (?!?) aos dias atuais, pois a escola existe para ensinar conteúdos científicos descobertos, apreendidos e fundamentados pelo ser humano dos primórdios até hoje em dia.
A Wikipédia nos brinda com a seguinte explicação sobre a escola: “A escola é uma instituição concebida para o ensino de alunos sob a direção de professores. A maioria dos países têm sistemas formais de educação, que geralmente são obrigatórios. Nestes sistemas, os estudantes progridem através de uma série de níveis escolares e sucessivos. Os nomes para esses níveis nas escolas variam por país, mas geralmente incluem o ensino fundamental (ensino básico) para crianças e o ensino médio (ensino secundário) para os adolescentes que concluíram o fundamental.[1] Uma instituição onde o ensino superior é ensinado, é comumente chamada de faculdade ou universidade”.
Sendo assim, temos um sistema onde alguém ensina e alguém aprende, traduzindo numa obrigação para quem aprende e um dever para quem ensina.
A escola como é atualmente no Brasil, segundo Saviani (2004), teve seu início em 1893 em São Paulo, apenas para as elites, no Rio de Janeiro em 1897, no Paraná em 1903 e assim sucessivamente pelo país; somente em 1920 que em São Paulo, se estendeu para a população em geral. Essas formações iniciais eram chamadas de grupo escolar, pois a princípio foi o agrupamento de algumas escolas próximas, essas escolas eram salas de aula normalmente na casa dos próprios professores que reuniam alguns alunos e ali ensinavam o necessário as atividades da época, logo o grupo escolar passou a reunir vários professores com suas turmas num local comum, que passou a ter horário e ensino metódicos de forma disciplinar. Com o tempo o nome grupo escolar saiu de cena e temos a escola como é ainda hoje, várias salas, separadas por idades de aprendizagem, sistematizadas por disciplinas para a necessidade do que se acredita ser importante nos dias atuais.
O início foi em 1893 e hoje em 2016, o formato é o mesmo, mas as necessidades são outras e o ser humano é complexamente diferente. 
A visão do mundo mudou, estamos na era da globalização, as línguas faladas no mundo todo são rapidamente traduzidas por tradutores online, posso me comunicar com qualquer pessoa em qualquer parte do mundo em segundos, e ainda posso escolher o formato dessa comunicação, pode ser via voz, texto, emojis, enfim é rápido demais, o jornal que é um dos veículos de informação mais antigos da modernidade, e que no Brasil data de 1808, já não tem mais como esperar a notícia ser impressa apenas a noite para sair ‘fresquinho’ no dia seguinte, as notícias são pra já, instantâneas, aconteceu – apareceu.
Como o mundo foi mudar tanto? Em 120 anos demos um salto? A escola contribuiu pra essas mudanças?
Não acredito em saltos, mas em passos, ora rápidos ora mais lentos, de acordo com as necessidades que criamos para nós mesmos, a grande maioria vem das desgraças como guerras e doenças, mas que hoje somam feitos maravilhosos em nossas vidas, caminhamos rápido demais em 120 anos de história humana e isso só a título de Brasil, e sim a escola contribuiu e muito para essa evolução, foi ela que garantiu o repasse de todas as informações necessárias para que novas mentes vorazes por aprender tivessem o seu momento de expansão e de curiosidade típica dos descobridores e inventores.
Então por que estou aqui com ares de quem vê a escola com olhos de desnecessária?
Bem... Em primeiro não é bem isso, mas ao mesmo tempo é bem isso, rs, a escola é muito necessária na vida que cada criatura humana e de toda a humanidade, mas não mais nesse formato, suas divisões e sua principal função chegaram a um momento crucial, se permanecer assim se tornará obsoleta.
As informações estão disponíveis a qualquer pessoa, em qualquer lugar e sobre qualquer assunto, informações profundas, simples, complexas, fofocas, biografias, teses de mestrado, doutorado, explicações científicas, professores de ensino fundamental, de inglês e outras línguas, receitas de como tirar manchas de roupas e tapetes, de como fazer um sanduiche, um bolo ou prato típico de qualquer lugar do mundo... A internet é um grande manual do funcionamento do mundo e sobre praticamente todas as dúvidas e experiências possíveis, podemos numa simples frase ter resposta sobre uma dúvida: - Ok google, como fazer panquecas de frango? Ok google, quem foi Galileu Galilei? Siri, fale-me sobre a energia elétrica.
O mundo está com as portas abertas, e as escolas, estão?
Esse texto já está imenso e eu nem cheguei próximo do ponto principal que é explicar o que penso sobre uma nova escola ou o que a meu ver deveriam ser as mudanças na escola / educação.
Então, vou deixar essa questão como reflexão, sobre o que você acredita que deveria ser a escola hoje. Você já pensou sobre isso? Seus filhos se dão bem com a escola? Percebem dificuldade de envolvimento das crianças com as necessidades escolares? Como é a atuação dos profissionais da escola? Sou professor e me sinto aprisionado em minha escola, o que fazer? Os alunos não correspondem como deveriam, são mal educados, a educação acabou!

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Educadora de 83 anos defende mudança radical no ensino

Com quase 60 anos dedicados ao magistério, Léa Fagundes é requisitada em todo o território brasileiro para conferências e formações de docentes

17 JUN2013 07h38 - atualizado às 07h38

magistério e mais de 20 ao estudo da informática na educação. Inovadora desde sempre, a coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) defende um modelo de inclusão digital nas escolas em que o aluno seja protagonista do aprendizado. "É uma mudança total de paradigma. O estudante deve programar o computador, se apropriar da linguagem e se tornar investigador", afirma a professora, requisitada em todo o território brasileiro para conferências e formações de docentes.

Léa Fagundes é pedagoga e psicóloga voltada à área de informática educacional

Foto: Flávio Dutra, UFRGS / Divulgação

Assessora do Ministério da Educação (MEC), pedagoga e psicóloga, Léa aponta que o Brasil construiu uma história significativa no que diz respeito à inclusão digital nas escolas - história da qual ela é parte ativa -, mas critica a interrupção de programas educacionais por questões políticas e estruturais, como ocorre na transição de governos. A gaúcha indica também que a resistência de educadores à tecnologia e o medo da quebra de hierarquias em sala de aula é outro entrave enfrentado. "Na escola, as crianças são tratadas quase ditatorialmente", argumenta.

Confira abaixo a entrevista completa.

Terra - Em que nível o Brasil está hoje no que diz respeito à inclusão digital e ao uso de ferramentas computacionais em sala de aula? 
Léa Fagundes - O Brasil é um continente, então não dá para dizer "no País". No Amapá, é uma realidade, em Curitiba é outra. Mas, apesar de todas as diferenças, nós temos uma unidade cultural, falamos a mesma língua, e os programas dos currículos são semelhantes. Os NTEs (Núcleos de Tecnologia Educacional) e a formação dos professores que veio junto com eles avançaram muito o Brasil nessa área. Chegou um momento em que a gente teve que criar cada vez mais núcleos e, com eles, mais laboratórios (de informática). Acontece que nós não queríamos mais laboratórios, porque isso não resolve a questão da inclusão.

Terra - Por que os laboratórios não são uma solução? 
Léa - No mundo, e aqui no Brasil inclusive, quando começou a se falar em inclusão digital nas escolas foram instalados laboratórios. Por quê? Porque os computadores eram muito caros, então não podia ter fartura, não era possível um por aluno, e laboratórios eram mais viáveis. Mas qual o problema deles?

Na maior parte das vezes, são formados técnicos para trabalhar no local, mas o professor de sala de aula não vai ao laboratório e não se especializa. Então os alunos vão ao laboratório, depois voltam e o docente manda que eles se sentem um atrás do outro e abram o caderno, não há integração entre os momentos. Por isso nos encantamos com a ideia do OLPC (One Laptop Per Child, projeto de computador educacional iniciado no Massachusetts Institute of Technology, hoje desenvolvido em uma associação de mesmo nome, presidida por Nicholas Negroponte).

Terra - Quais são as principais diferenças da inclusão digital nas escolas no Brasil em relação a outros países? 
Léa - A principal diferença entre nós e países da América do Norte e da Europa é que aqui adotamos um programa em que as crianças podem programar o computador, e não serem ensinadas por ele. Nós defendemos a linguagem Logo (criada por Seymour Papert, um dos idealizadores do OLPC) para a informática na educação. Na maior parte do mundo, são colocados computadores e um sistema para ensinar a criança, como se fosse o conteúdo passado por um professor para o aluno. Esse é outro paradigma, é uma mudança completa na escola. O estudante passa a ser investigador e a programar o computador. Agora tu me perguntas: o Brasil está melhor nessa área? Sim. Mais do que todos os países? Não. Mas, por exemplo, na França, formaram mil professores, e o computador era barato porque era nacional. Mas esse modelo também era tradicional, de professor que tem que saber mais que aluno. Para mim, não é assim, vejo o aluno como um pesquisador, e o professor, um orientador.

Terra - Como deve ocorrer essa mudança? 
Léa - É importante destacar que a questão não é aprender a mexer no equipamento, nem aprender conteúdo de sala de aula no computador, é o aluno programando, pesquisando, isso exige um currículo totalmente novo. O currículo, que a gente luta para transformar, tem de ser interdisciplinar e não precisa ser sequencial. Por exemplo, quando o aluno chega para o professor e diz que tem curiosidade de aprender determinado tema, e o professor responde que não pode, porque o conteúdo é do próximo ano, isso prejudica o aprendizado. O aluno tem que ter curiosidade no que é ensinado, por isso o problema apresentado tem de ser instigante, interessante. Os alunos surpreendem a gente.

Terra - Quais são os entraves enfrentados na inclusão da tecnologia no ambiente escolar? 
Léa - Nós temos bons programas nacionais de educação e informática, e nos últimos 30 anos tivemos muitos projetos de visão nacional. O problema é que, quando mudam os governos, os projetos sofrem muito, porque as pessoas que entram na nova gestão não têm conhecimento suficiente ou não querem prestigiar o partido que antecedeu, então temos tido dificuldade com a continuidade. Por outro lado, o Brasil tem uma história, e ela, apesar de interrupções, não estacionou, está avançando. E eu acredito que futuros professores vão mudar esse cenário, pois são pessoas novas que gostam de tecnologia e não têm medo.

Terra - A senhora percebe resistência de educadores ou das próprias instituições em relação às tecnologias? Há medo de romper hierarquias? 
Léa - Hierarquia é a palavra-chave. Na escola, as crianças são tratadas quase ditatorialmente. Sentam-se em fila e, caso se virem, têm que justificar. Os professores dizem "não olha para o lado, não cola do colega". A cola deveria ser obrigatória. Cola é cooperação. É uma criança colocando a dúvida, e outras tentando ajudar. Você tem avaliações em que uma só resposta é certa, e todos os alunos têm que dizer a mesma coisa. O problema não é ter apenas uma resposta certa, mas eles (os estudantes) têm que testar essas respostas e ver qual resolve melhor o problema. Mas o pior são os cursos de licenciatura, que formam professores, mas não se atualizam.

Terra - A mudança desse paradigma deve começar na universidade? 
Léa - Parece que isso é ilusão, sonho. Os professores que ensinam nas universidades são doutores, famosos, escrevem teses científicas e livros. Eles não querem dar o braço a torcer e dizer "nós temos que aprender de novo". Então o computador não entra nas licenciaturas, que é onde deve estar. As melhores licenciaturas são aquelas em que os cursos abraçam a tecnologia. Ser professor é um encantamento, e é um encantamento também em poder se atualizar.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra

http://noticias.terra.com.br/educacao/educadora-de-83-anos-defende-mudanca-radical-no-ensino,90923e060f34f310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html

terça-feira, 7 de junho de 2016

É inútil ter certeza

Uma questão que tem estado rotineiramente em meu pensar nos últimos meses é sobre a facilidade em que as pessoas colocam para fora conceitos prontos.
Uma frase pronta que foi lida numa rede social aqui, numa revista ali, numa pichação acolá, e que foi entendida a seu modo, com as suas características próprias advindas de suas vívidas experiências e que lhe geraram sentimentos e emoções únicas, a ponto de inflexibilizar o raciocínio sobre outros argumentos e outras visões.
Argumentos e visões as vezes com rigor científico, e mesmo assim, nada de mover a ideia um pouquinho para o lado e pensar: - Será?
 "A dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza”. Trecho da música Infinita Highway do Engenheiros do Hawaii.
A vida é um grande mudar, e por princípio da própria vida é um grande evoluir, mesmo quando parece andar para trás há mudança, não existe involução na natureza, pode até existir momentos de pausa, mas nunca de retrocesso, a natureza dá um passo por vez, e tolo aquele que não se vê como parte da natureza.
Somos naturalmente parte da natureza, parte do planeta, parte do todo.
E o que acontece com os animais, plantas, com o ar, água, com o planeta, com as pessoas próximas ou não a mim, de alguma forma vão me afetar, queira eu perceba ou não.
Faz parte da vida. É um ecossistema. Não dá para fugir. A natureza também não dá saltos, reforçando: um passo por vez.
Como poderíamos enquanto humanos que somos ter certezas tão enraizadas em nosso pensar, se todos os dias acordamos diferentes, nunca estamos iguais ao que fomos 8 horas antes de dormir, inclusive o que sentimos antes de adormecer difere do que sentimos ao acordar.
É inútil ter certeza sim, porque essas nos atam as mãos, nos trancam em nós mesmos e nos impedem de ver além, de buscar na mudança diária a transformação de um todo justo, mais belo e nobre, mais feliz, para os animais, as plantas, o ar, a água, o planeta, as pessoas – humanos, assim como eu – que tateiam na escuridão do desenvolvimento em busca de ser quem se é.
E a educação com isso?
Tem muitooooo a ver, mas isso eu vou deixando claro no decorrer dos textos que vou deixando por aqui, afinal educar, apreender e ensinar fazem parte estrutural do ciclo da vida e não é um conceito fechado, não dá pra encerrar esse ciclo de ensino-entendimento-aprendizagem-criação numa caixinha cheia de respostas, tudo muda, cada momento é único, e não dá pra continuar usando hoje o que deu certo ontem.
Fiquei muito tempo na espera pra escrever neste blog desde a sua criação até o presente momento, creio que estava em processo de fermentação, os assuntos são diversos, mas o tópico é a evolução para a educação.
Espero que apreciem.

Fiquem bem (: 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

E a nossa educação?

Creio que tenho um pensamento alinhado com outro mundo ou outra época,  não compreendo algumas atitudes e pensamentos atuais, principalmente quando estes advém de profissionais da área de humanas como de pedagogos.
Explicando… Sei que hoje em dia,  as coisas são bem  complicadas em sala de aula, existe muito desrespeito e falta de parceria entre escola e família,  são muitos casos de desentendimento entre aluno-professor-família,  e são muitos lados pra uma mesma moeda.
Mas tem algo que me incomoda profundamente, e que vejo sempre rolando nas redes sociais: A educação é para os pais, à escola cabe o ensinar.
Como?
Pessoas que estudaram pedagogia e que trabalham com a formação da mente humana, como essas pessoas conseguem dissociar dessa forma o ser humano?
O que esses profissionais querem?
Robozinhos que cheguem na escola programados para aquele momento de aprender, só,  ponto final.
Esperam que todas as famílias tenham uma educação nobre com alto índice de ética e moral?
Isso além de utopia é ignorar toda a história da educação do nosso país, é deixar claro o quanto ignora a deficiência sócio-cultural-economica desse nosso Brasil.
Concordo que todos os pais deveriam ensinar a seus filhos a não bater, não roubar, não jogar lixo no chão, e a trocentos outros “nãos” vestidos de grande dose de bom senso, mas essa não é a realidade.
Ninguém pode dar aquilo que não tem, simples assim. Não podemos exigir que os pais deem o que não tem pra dar.
Adianta ficar nesse jogo de empurra-empurra onde a escola diz que a responsabilidade é dos pais e os pais acham que a responsabilidade é da escola?
Não não adianta, a única coisa que vai adiantar é o mais esclarecido mostrar ao menos esclarecido como funciona, mesmo que pra isso tenhamos que inverter algumas situações que seriam óbvias: - Vamos munir as crianças de educação para que elas levem essa educação aos seus pais.
Ideia simples, possível e funcional.
Vamos embutir diariamente na cabecinha daquela criança que os pais ensinam a bater ou naquela que os pais ensinam a pegar o que não lhes pertencem (ensinam pelas ações, na maioria das vezes) ou naquela que os pais lhe ensinam a lei do mínimo esforço,  dentre inúmeros outros casos, que ser gentil é a coisa certa a ser feita, que trabalhar faz bem não só pro bolso, mas pra toda a sociedade, que pegar o que não é nosso gera problemas as vezes sérios as pessoas, que devemos ver no outro a nossa semelhança, que o crescimento do país é  o nosso crescimento também, que respeito é muito mais que falar obrigado, por favor, sim senhor, que respeito é não jogar lixo na rua, é preservar rios, parques, placas, monumentos, é ouvir música num volume que não ultrapasse os limites da minha casa ou carro, porque se eu tenho o direito de ouvir música meu vizinho tem direito ao silêncio, e por aí vai, a lista é imensa beirando ao infinito.
Resumindo, é o momento de educarmos sim, de mudar esse discurso ultrapassado de sua culpa e arregaçar as mangas e trabalhar para uma educação para o futuro, pois se queremos um mundo melhor precisamos plantar esse mundo em nossas crianças e o melhor lugar pra isso é a escola.
Fiquem bem (:

sábado, 7 de maio de 2016

Palavra e pensamento

O significado da palavra é inconstante e modifica-se no processo do desenvolvimento da criança... É antes uma formação dinâmica que estática... a mutabilidade do significado se revela na generalização contida em qualquer palavra, tendo em vista que qualquer palavra já é uma generalização. Contudo, uma vez que o significado da palavra pode modificar-se em sua natureza interior, modifica-se  também a relação do pensamento com a palavra.

Lev Semenovich Vigotsky em A construção do pensamento e da linguagem.

E ainda temos que levar em consideração o que tais palavras relacionadas com seus objetos e pensamentos sugerem aos nossos sentimentos e vice-versa, sendo mais precisa: hoje um chapéu pode significar uma proteção  num dia ensolarado, mas num outro momento pode ser a lembrança agradável dos momentos que passamos na praia nas férias de verão.

Tolstói

"A relação da palavra com o pensamento e a formação de novos conceitos é esse processo complexo, misterioso e delicado da alma".

Ausência de comunicação na família e os reflexos na convivência social

ANAIS DO CONGRESSO INTERNACIONAL MOVIMENTOS DOCENTES Volume VI – 2021  pg. 733 ISBN: 978-65-88471-34-0 DOI: 10.47247/VV/MD/88471.34.0   RESU...