quarta-feira, 12 de abril de 2017

A Inteligência


A inteligência é algo tão curioso para o ser humano que as vezes se torna até engraçado como é vista, pensada e pesquisada. Acreditem ou não, mas não existe uma definição única sobre inteligência e a cada época surgem algumas definições sobre a ‘dita’. Houve época que os inteligentes eram os que tinham o maior crânio (sim, os cientistas mediam as cabeças!!!), houve época em que as profissões eram escolhidas por testes e os resultados obedecidos, mesmo que a pessoa não tivesse a menor habilidade ou vontade de exercer tal profissão, os testes ganhavam a guerra. E mais recente em nosso mundo e ainda utilizado temos as testagens da psicologia, onde o Q.I. é um dos mais conhecidos, havendo escalas e denominações diferentes para idades e situações.

Confesso que tenho um tanto de receio de testes padronizados, mas como esse não é o foco desse artigo, vamos seguir em frente.
Vou especificar algumas definições científicas acerca da inteligência, para que possam ver o quanto o assunto é extenso.

·        Para o Dicionário Aurélio:
1.     Faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade.
2.     Qualidade ou capacidade de compreender e adaptar-se facilmente; capacidade, penetração, agudeza, perspicácia.
3.     Maneira de entender ou interpretar; interpretação.
4.     Acordo, harmonia, entendimento recíproco.
5.     Destreza mental; habilidade.
6.     Capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante reestruturação dos dados perceptivos.

·        De acordo com a Wikipédia é a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender. Embora pessoas leigas geralmente percebam o conceito de inteligência sob um âmbito maior, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende que este conceito não compreende a criatividade, o caráter ou a sabedoria. Conforme a definição que se tome, pode ser considerado um dos aspectos da personalidade.

·        Já Alencar e Fleith (2001) citam definições dadas por pesquisadores da área em um simpósio em 1921 como exemplo do pensamento da época, sendo eles:
1.     Colvin explica que é a habilidade de aprender a ajustar-se ao meio ambiente.
2.     Haggerty é um dos grupos de processos mentais complexos tradicionalmente definidos, como sensação, percepção, memória, imaginação, discriminação, julgamento e raciocínio.
3.     E para Woodrow é uma capacidade adquirida.

·        Freeman e Guenther, neurocientistas (2000), esclarecem que a proposta sobre inteligência mais aceita é a de que é uma maneira individual de organizar e usar conhecimento, e que depende do ambiente físico e social onde se vive.

·        Gardner (2001) definiu em 1983 a inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos valorizados em um ou mais cenários culturais. Sendo que após quase duas décadas de pesquisa, em 2001, define inteligência como um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura.

·        Segunto Cury (2006) a inteligencia é um conjunto de estruturas psicodinâmicas derivadas do amplo funcionamento da mente. É a capacidade de pensar, se emocionar, ter consciência.

·        E por fim, meu conceito (2013), inteligência é uma característica peculiar do pensamento crítico voltado para a criação do novo indenpendente da necessidade; conceitualização daquilo que já existe, e a solução de problemas desde os mais simples na vida diária como os que envolvem a humanidade de forma geral. Tanto a criação, a conceitualização como a resolução podem atuar nas mais diversas áreas como administração, finanças, literatura, matemática, ciências, filosofia, artes, música, expressão corporal e emocional, dentre todas as áreas de atuação do ser humano.

Pensando essas questões podemos concluir que mesmo nesse momento histórico onde tanto sabemos, não conseguimos compreender como um processo inerente a todos os seres humanos funciona plenamente; o cérebro humano opera em seus detalhes e possui capacidades desconhecidas a nós que fazemos uso diário dele, quão poderosa pode ser essa ferramenta?

Acredito que haja infinidade de possibilidades para o nosso cérebro, capaz de adaptações e evolução, e possivelmente expansão, como saberemos? Só o tempo nos dirá, temos que continuar nossa linha histórica, simples assim.
Em termos de senso comum também há várias formas de se ver a inteligência e uma bem comum é separar a pessoa inteligente do esperto, classificando a esperteza num nível diferente de habilidade, a pessoa inteligente é aquela que vai bem na escola e tira notas A ou 10 em tudo e o esperto é aquele que se vira bem quase sempre sem estudar e que sempre dá um jeitinho para resolver situações no dia a dia.

Infelizmente esse senso comum aliado a alguns conceitos científicos antiquados acabam por criar situações desconfortáveis pra muita gente. Presenciei alguns episódios onde pais dividem as qualificações dos filhos quanto a inteligência, denominando um de inteligente e o outro de esperto.
Como crescem essas crianças, sendo diariamente reforçadas por conceitos errôneos de capacidade intelectual?

Provavelmente uma crescerá com excelente auto estima com relação a sua capacidade intelectual, cognitiva e acadêmica, e a cada boa nota mais comprovação de todas as afirmações já feitas nesse sentido.
A outra criança provavelmente crescerá acreditando que é boa em se safar das situações, se perceberá com um bom jogo de cintura na resolução de problemas e passará sempre raspando nas médias escolares, e a cada 5,0 que tirar estará reforçando o que lhe é dito em casa.

É preciso melhorar a percepção que temos do outro e das capacidades desse outro, seja ele nossos filhos, vizinho, amigo, aluno, dentre outras formas sociais de convivência, cada vez que criamos esse tipo de conceituação sobre como o outro é e onde ele se encaixa estamos rotulando uma pessoa e a convencendo que ela é dessa forma, fazendo-a viver dentro dessa caixa por muito tempo de sua vida, como se essa pessoa fosse desprovido de emoções e tudo aquilo que recebe do mundo fosse apenas uma base de dados.

A inteligência humana é muito mais do que tirar um 10 na escola, é muito mais do que acertar na profissão, de ganhar dinheiro, a inteligência envolve inúmeras capacidades que vão desde conseguir fazer o planejamento para o almoço até se manter vivo com todas as situações que podem ocorrer em um dia comum de alguém, passando por inúmeras variáveis e não deveria de forma alguma estar sob o julgo ou medição de ninguém, pois tudo isso vai depender da construção de vida, das condições ambientais que foram oferecidas a essa pessoa, o meio em que se cresce influencia muito, as emoções que permeiam nosso ser caracterizam nossas expectativas e nossa visão de mundo, logo nossa percepção é baseada em fatos que nos foram entregues, ensinados e reforçados constantemente e aliados ao nosso sentir, basta uma crença corruptiva para que nosso sistema entre em falência.

A ciência precisa separar e fragmentar as situações para estudo e compreensão, e isso é sensacional, mas vejo que antes de entregar o resultado é preciso reconstruir e fechar os conceitos de forma a ver o todo e não somente uma parte.


Todos nós somos inteligentes com suas próprias características, somos únicos e capazes de conquistas pessoais e sociais, não podemos ser especialistas em tudo e por isso mesmo cada qual com o seu espaço e diferença, o importante é saber que essas diferenças estão aí para nos completar e não nos afastar, somos animais sociais e essa complementariedade vem bem a calhar, não acham?

Quer me ouvir a esse respeito, acesse esse vídeo no YouTube

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ANAIS DO CONGRESSO INTERNACIONAL MOVIMENTOS DOCENTES Volume VI – 2021  pg. 733 ISBN: 978-65-88471-34-0 DOI: 10.47247/VV/MD/88471.34.0   RESU...